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SOS – AVIBRAS!!

Por: Gabriel Passos [1]



Desde o início da campanha pela recuperação da Avibras, capitaneada pelo movimento Brasil Grande em conjunto com o sindicato dos trabalhadores da empresa, o objetivo tem sido restabelecer sua estabilidade financeira e reintegrá-la ao Ministério da Defesa, como elemento fundamental e estratégico da nossa política de defesa e dissuasão. Nem todos os brasileiros — mesmo entre os compatriotas comprometidos com a causa nacionalista — têm plena noção do valor que a Avibras Indústria Aeroespacial S.A. representa para o país. Mais do que uma empresa, a Avibras é um ativo estratégico, tecnológico e econômico de importância vital para o desenvolvimento soberano e para a política de defesa e dissuasão do Brasil.

Fundada em 1961, em São José dos Campos (SP), a Avibras nasceu com o propósito de desenvolver tecnologia nacional de ponta em setores de aeronáutica, defesa e engenharia de sistemas complexos. Ao longo de mais de seis décadas, construiu uma trajetória marcada por inovação, competência técnica e independência tecnológica, tornando-se uma das raras empresas do Hemisfério Sul com domínio integral sobre sistemas de artilharia de foguetes e mísseis.


Colagem artística ilustrando a história da Avibras, contendo o avião A-80 Falcão, antenas de radar, mísseis, o sistema ASTROS, a fachada da fábrica e uma foto do engenheiro João Verdi Carvalho Leite sorrindo.
A história da empresa é principalmente ligada ao seu fundador, o engenheiro João Verdi.

Entre suas criações mais reconhecidas está o ASTROS (Artillery Saturation Rocket System [2]) — um dos sistemas de lançadores de foguetes e mísseis mais respeitados do mundo. O ASTROS, adotado pelo Exército Brasileiro e exportado para diversos países, é símbolo de engenharia nacional de excelência, capaz de garantir ao Brasil poder de dissuasão compatível com grandes potências.


Veículo lançador do sistema ASTROS da Avibras estacionado em uma pista de pouso ao lado de uma aeronave de transporte militar Embraer KC-390 da Força Aérea Brasileira sob um céu azul.
Astros 2 ao lado da Aeronave de Transporte KC-390-Millennium da Embraer , os maiores símbolos contemporâneos da indústria de defesa brasileira.

O A-80 Falcão da Avibras. Projetado para ser um treinador básico para a FAB, o Falcão não passou da fase de protótipo. Mesmo assim foi designado YU-48 FAB 2399. Foto: Roberto Pereira de Andrade.



Fotografia colorida antiga do avião Avibras A-80 Falcão, prefixo PP-ZTL, parado em uma pista de terra com um homem sorrindo na cabine de pilotagem.

Além do ASTROS, a Avibras atua em projetos de mísseis de cruzeiro, veículos aéreos não tripulados (VANTs), veículos blindados, sistemas de comunicação e guiagem, e também no setor aeroespacial e energético, com tecnologias de propulsão e compósitos avançados. Essa diversidade tecnológica faz da empresa um núcleo de inovação de alto valor agregado, gerador de milhares de empregos qualificados e movimentador de bilhões de reais em sua cadeia produtiva.

No cenário internacional, a Avibras tem potencial para expandir ainda mais suas vendas e cooperações por meio de joint ventures [10] e parcerias tecnológicas, fortalecendo a presença do Brasil no mercado global de defesa — um setor que, quando bem explorado, gera retorno econômico, diplomático e científico.

A campanha pela recuperação e reintegração da Avibras ao Ministério da Defesa é, portanto, muito mais do que uma questão empresarial: trata-se de um movimento em defesa da soberania nacional, da autonomia tecnológica e da capacidade estratégica do Brasil de se afirmar como potência independente e respeitada.

O Sistema de Artilharia de Foguetes para Saturação de Área ASTROS II foi concebido em 1981 e aprimorado nos dois anos seguintes. O projeto surgiu para atender a uma demanda do Iraque, então envolvido em guerra contra o Irã, que necessitava de uma arma capaz de conter e responder aos ataques maciços das forças iranianas.

Com alcance variável entre 9 e 90 quilômetros, o ASTROS II apresentava uma característica inédita até então: podia operar três calibres diferentes sobre a mesma plataforma, bastando apenas substituir os casulos de lançamento. Cada calibre possuía alcance e quantidade distintos — quanto maior o calibre, menor o número de foguetes disparados por cada unidade lançadora.

O financiamento fornecido pelo Iraque, que à época era grande aliado do Ocidente, foi essencial para viabilizar o projeto. Com apoio de satélites americanos, que forneciam informações sobre posições e deslocamentos das forças iranianas, o sistema demonstrou eficiência impecável em campo, contribuindo para equilibrar a situação militar na região.

A guerra, que se prolongou até 1988, resultou em enorme desgaste para ambos os lados, sem vencedores e com altíssimo custo em vidas e equipamentos militares. Para os fabricantes, entretanto, o conflito serviu como valioso campo de testes reais. Os resultados foram efetivos para o Iraque, que conseguiu frear a contraofensiva iraniana e estabilizar sua linha de defesa com o uso do sistema brasileiro.

Ao todo, o Brasil forneceu 82 unidades do ASTROS II ao Iraque, consolidando a Avibras como uma das mais avançadas empresas do mundo na tecnologia de artilharia de foguetes.


Foto antiga em tom sépia de um caminhão do sistema lançador de foguetes ASTROS em um ambiente de deserto, com um homem de pé ao lado do veículo sorrindo para a câmera.
O Engenheiro João Verdi e sua criação , o Astros no deserto Iraquiano em meio a guerra Irã x Iraque na década de 80

Ilustração técnica detalhando a família de veículos do sistema de artilharia ASTROS, incluindo lançadores de foguetes SS-30, SS-40 e SS-60, unidade diretora de tiro e veículo de remuniciamento.
O conceito modular do Astros fica evidente nesse folder da Avibras, lançado no final da década de 1970.

Fotografia antiga em tom sépia mostrando funcionários da Avibras vestindo jalecos brancos enquanto inspecionam uma série de lançadores múltiplos de foguetes rebocáveis dentro de um galpão.
Os lançadores de foguetes superfície-superfície SBAT de 70mm. Foto: Avibras
Registro histórico de um veículo blindado do sistema ASTROS sendo içado por guindastes para dentro de um navio cargueiro, ilustrando as grandes exportações da empresa no passado.
Primeiro embarque Astros para o Iraque em 1984.

Com o sucesso do sistema ASTROS II comprovado em combate, a Arábia Saudita também encomendou o equipamento, reconhecendo sua eficiência, versatilidade e valor estratégico. Esse novo contrato ampliou a presença internacional da Avibras e reforçou o prestígio da engenharia militar brasileira no cenário global.


Linha de montagem movimentada dentro da fábrica da Avibras, com dezenas de chassis de veículos blindados ASTROS em diferentes estágios de construção e mecânicos trabalhando neles.
Linha de produção com os primeiros Astros destinados a Arábia Saudita.

Após a venda à Arábia Saudita, a empresa venderia ainda uma bateria do sistema ASTROS II ao exército do Qatar, por US$ 28 milhões. Exaurido pelos gastos na guerra contra o Irã, no primeiro semestre de 1987 o Iraque começou a falhar no pagamento de suas obrigações com a Avibras, gerando uma cisão.


Mapa-múndi com destaque na cor azul sobre o Brasil, norte da África, Oriente Médio e Sudeste Asiático, indicando os países operadores dos sistemas da Avibras.
Países que atualmente usam equipamentos produzidos pela Avibras.

No início da década de 90, o Exército Brasileiro finalmente decide adquirir o Astros. Inicialmente cinco baterias de lançadores múltiplos e foguetes foram localizadas espalhadas pelo território nacional. Para as missões de emprego solo-solo foram designadas a 1.ª Bateria LMF, baseada em Brasília (DF), e a 3.ª Bateria LMF, baseada em Cruz Alta (RS). Pela Artilharia de Costa, foram alocados meios Astros à 1ª Bateria do 10º GACosM, em Macaé (RJ), no 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado – Grupo José Bonifácio – em Praia Grande (SP) e no 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado – Grupo Presidente Ernesto Geisel, localizado em Niterói (RJ).


Fileira com diversos veículos lançadores ASTROS alinhados lado a lado, pintados com camuflagem militar e equipados com metralhadoras no teto da cabine.
As viaturas MK6 utilizam chassi Tatra e são empregadas pela 16° GMF , unidade espelho do 6°.Foto:Exército Brasileiro

Em 2009, o governo alemão vetou a venda do chassi Mercedes-Benz para a Avibras por entender que seu uso era tático (combate) e não logístico (transporte), o que obrigou a empresa a buscar um novo chassi. O fabricante checo Tatra [8] foi o escolhido, e o novo chassi na versão T-815-7 - 6x6 entregou um melhor desempenho em terrenos acidentados, surgindo assim a versão Mk-5 e posteriormente a versão Mk-6.


Infográfico técnico detalhando a configuração de uma bateria ASTROS, exibindo ilustrações dos veículos de apoio (comando, meteorologia, oficina) e a família de foguetes do SS-30 ao SS-80.
A bateria completa do sistema ASTROS em sua primeira versão.

O ASTROS III manteve o conceito de modularidade e intercambialidade de calibres, característica que consagrou o projeto original, mas passou a empregar novos foguetes e mísseis de maior precisão, com alcance ampliado e capacidade de integração com sistemas modernos de navegação e direcionamento por GPS e inércia.

Além disso, o sistema foi adaptado para operar em cenários de guerra modernos, com integração digital entre as unidades lançadoras, veículos de comando e controle e centros táticos. Essa evolução tecnológica posicionou o ASTROS III como um dos sistemas de artilharia mais modernos do mundo. O míssil tático de cruzeiro (MTC) é capaz de neutralizar alvos até 300 km;

O novo ASTROS AFC (Autonomous Firing Calculation [3]) é uma versão destinada a oferecer excelente custo-benefício, permitindo operar isoladamente ou em seção, sendo que sua lançadora possui maior poder de fogo e capacidade de calcular os elementos de tiro, efetuar o disparo e buscar abrigo (“Shoot & Scoot” [4]), minimizando a exposição do Sistema AFC;

O C4ISTAR [6] é escalável de Batalhão à Divisão e baseado na experiência de décadas da AVIBRAS no Sistema de Comando e Controle do ASTROS, possuindo as interfaces para integração das funções de Inteligência, Vigilância, Busca de Alvo e Reconhecimento e sua respectiva ligação com Sistemas de Comando e Controle de escalões superiores;


A família de Sistemas de Mísseis terra-terra, ar-terra, mar-terra e antinavio;

E o ASTROS III, baseado em viatura 8×8, que terá o dobro do poder de fogo do ASTROS AFC e acumulará todo o legado tecnológico do ASTROS MK6, lançando foguetes balísticos, foguetes guiados, mísseis balísticos e mísseis táticos de cruzeiro.


Ilustração digital demonstrando o conceito operacional do sistema ASTROS em campo, com linhas conectando taticamente o veículo lançador, o remuniciador e a estação meteorológica.
O novo ASTROS AFC (Autonomous Firing Calculation) que é uma versão destinada a oferecer excelente custo-benefício, permitindo operar isoladamente ou em seção.

Infográfico comparativo intitulado "Maior Poder de Fogo", contrastando as capacidades de carga e munição entre o sistema ASTROS II e o projeto do ASTROS III, com a imagem de um grande lançador 8x8.
Comparação do Astros II e III.

Além do pioneirismo em balística tivemos no Brasil a Tectran Indústria e Comércio S.A [7]., integrante do Grupo Avibras, foi criada em 1982 em São José dos Campos (SP) com o objetivo de produzir conjuntos mecânicos para os veículos terrestres que a Avibras desenvolvia. Seu primeiro projeto foi um caminhão pesado 6×6, inspirado em um modelo Mercedes-Benz importado, que serviu de base às cinco viaturas do sistema Astros II. O veículo contava com motor V8 Mercedes-Benz (284 cv), câmbio de cinco marchas com reduzida, suspensão tandem, cabine blindada e direção hidráulica, podendo operar em diferentes funções militares: lançador de mísseis, sistema diretor de tiro, remuniciador, comando e veículo de apoio.

Durante a década de 1990, a Tectran desenvolveu ainda uma picape 4×4 de ¾ t, preparada para transporte, comando, ambulância e para receber o lançador leve Astros Hawk. Apesar da profunda crise do início da década, a Avibras foi a única grande empresa bélica brasileira a sobreviver, mantendo em produção suas linhas militares (aeroespacial, telecomunicações, explosivos e veículos terrestres) e expandindo para o mercado civil por meio da Tectran e da Tectronic (posteriormente Powertronics).

Enquanto oportunidades para novos projetos militares diminuíam, o Grupo Avibras direcionou esforços para transporte e logística, beneficiando a Tectran, que em 1993 absorveu a linha de implementos rodoviários e coletores de lixo da FNV. A empresa passou a fabricar veículos para pátios ferroviários, portos, fundições e aciarias, além de carros-fortes, reboques e semirreboques.

O pioneiro Locotrator (1985), rebocador de até 900 t, possuía tração híbrida: dois eixos com rodas de aço e dois com pneus, permitindo operação sobre trilhos e fora deles. O sistema hidráulico de recolhimento dos eixos foi adaptado para viaturas rodoferroviárias menores, como picapes e caminhões. Outro projeto inovador, o BisBus (1994), foi um ônibus Mercedes-Benz OF-1618 com carroceria Busscar, capaz de operar parcialmente sobre trilhos intermunicipais. No setor de movimentação de materiais, a Tectran forneceu desde 1984 tratores TTA para a usina Alumar, plataformas e elevadores hidráulicos de 40 a 60 t, além de pórticos autopropelidos e caminhões-tratores roll on – roll off com motores Mercedes-Benz.

No final de 1996, entrou no mercado de carrocerias blindadas para transporte de valores. Apesar de superar a crise dos anos 90 no Brasil, muitas empresas brasileiras de defesa faliram nessa década, como a Engesa e a Imbel. A Tectran, no entanto, manteve suas linhas militares e logísticas, sendo absorvida pela Avibras no início do século XXI, com produção limitada aos veículos militares e ao Locotrator.



Caminhão militar 6x6 antigo, pintado de verde, equipado com um módulo traseiro de lançamento de foguetes e uma torre de metralhadora no teto da cabine, possivelmente um protótipo ou variante inicial do sistema.
Protótipo do Astros II, construído sobre chassi nacional Mercedes-Benz L-2013 6x2, com cabine blindada pela Tectran.
Veículo de apoio logístico da marca Tectran (subsidiária da Avibras) em operação de campo, usando seu guindaste integrado para içar uma caixa de munição ou suprimentos para dentro de um caminhão de carga coberto.
Caminhão fora-de-estrada VBT-2028 6x6, com motor Mercedes-Benz V8 importado de 280 cv.
Veículo blindado especial da Tectran com sapatas de estabilização estendidas no solo, operando um mecanismo hidráulico traseiro para manuseio de contêineres ou plataformas de radar em terreno aberto.
O fora-de-estrada anterior utilizado no sistema Astros II, da Avibrás, e seu prático sistema de troca de carrocerias.
Caminhão militar verde estacionado em frente a um prédio com o letreiro "TECTRAN", equipado com um guindaste articulado atrás da cabine e caçamba de carga com pintura camuflada.
Caminhão VW militarizado pela Tectran, com tração 6x6 e rodado simples na traseira.
Veículo ferroviário "Locotrator" desenvolvido pela Avibras/Tectran, pintado de amarelo, puxando uma longa composição de vagões-tanque cilíndricos sobre trilhos.
Locotrator TT-9RT, com eixos rodoviários transversais à linha férrea.
Veículo de manutenção ferroviária amarelo da CBTU, fabricado pela Tectran, acoplado à frente de um trem de passageiros prateado em uma linha férrea eletrificada.
Locotrator TT-9 utilizado como carro de manobra pela CBTU.
Dois veículos compactos de manobra ferroviária (Locotratores) lado a lado, exibindo seus sistemas de rodas duplas para operação tanto em trilhos quanto em asfalto (rodoferroviários).
Locotrator TT-9 operando no asfalto.
Picape Chevrolet D-20 com kit rodoferroviário Tectran.
Ônibus urbano branco adaptado com sistema de rodas ferroviárias, identificado como "BISBUS Rodoferroviário", trafegando sobre trilhos em um teste de campo.
BisBus, com carroceria especial da Busscar, em operação entre municípios limítrofes de Paraná e Santa Catarina. Fonte: Transporte Moderno.
Protótipo do ônibus "BISBUS" da Tectran nas cores azul e branco, equipado com truques ferroviários metálicos sob os pneus, parado sobre uma linha férrea.
Único sistema rodoferroviário a operar no país, o BisBus atendia às cidades de Porto União (SC) e União da Vitória (PR), parcialmente separadas pelo rio Iguaçu. Foto: Francisco José Becker / Egonbus.
Veículo industrial amarelo de cabine elevada e pneus grandes, estacionado em frente a um galpão com o letreiro "TECTRAN S.A", demonstrando equipamentos de pátio.
Trator TTA para o transporte de cadinhos em siderúrgicas.
Veículo de carga especial amarelo, de perfil baixo, transportando grandes blocos retangulares escuros (possivelmente anodos ou lingotes) com hastes verticais.
Três caminhões tratores de terminal (tug masters) fabricados pela Tectran, pintados de amarelo e preto, alinhados no porto enquanto movimentam contêineres de carga.
Caminhão-trator de terminal VTT.
Grande pórtico móvel (straddle carrier) laranja, modelo "TECTRAN 2000", içando um contêiner de carga durante uma operação logística a céu aberto.
Pórtico autopropelido TT-2000, para 20 t, com motor Mercedes-Benz de 76 cv.
Caminhão trator de terminal "TECTRAN" amarelo puxando um reboque com um longo contêiner vermelho em uma área portuária sob céu azul.
Caminhão Tectran VTT.
Vista traseira de um veículo blindado de transporte de valores (carro-forte) robusto, pintado de azul com uma faixa horizontal amarela no centro.
Carro para transporte de valores Tectran VTV, sobre chassi Mercedes-Benz, lançado no final de 1996.
Vista impressionante do interior de um grande galpão industrial da Avibras, repleto de fileiras de veículos blindados do sistema ASTROS recém-montados, pintados com camuflagem militar.
Anteriormente fornecidos pela Tectran, os caminhões para o Sistema Astros (hoje na sexta geração) , se mantêm como principal produto terrestre da Avibrás. Fonte: site revistaoperacional.

O Brasil passou a integrar recentemente o projeto do míssil A-Darter por meio da Força Aérea Brasileira (FAB). Nesse programa, a Avibras exerce um papel de destaque, juntamente com o DEPED (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento), o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e outras empresas responsáveis pela interface industrial — especialmente Mectron, Avibras e Opto Eletrônica.

Do lado da África do Sul, a parceira no desenvolvimento é a Denel Aerospace Systems. O investimento total do projeto é estimado entre US$ 100 e US$ 130 milhões, sendo que o Brasil arcará com metade desse valor.

O míssil A-Darter [9] será utilizado nos caças JAS-39 Gripen da Força Aérea SulAfricana e da FAB, além de equipar também os A-1M e F-5BR da Força Aérea Brasileira e os A-4BR da Marinha do Brasil.


Asa de um caça Gripen da Força Aérea da África do Sul em detalhe, carregando o míssil ar-ar A-Darter (desenvolvido em parceria com o Brasil) sob o pilone da ponta da asa.
O míssil é fruto de uma parceria entre o Brasil e a África do Sul e envolve empresas baseadas em São José dos Campos, como a Mectron e a Avibras. Também integra o projeto a Opto Eletrônica, de São Carlos. De acordo com o Ministério da Defesa, os mísseis serão utilizados pelas aeronaves F-5M da FAB (Força Aérea Brasileira).
Estande de exposição de defesa exibindo maquetes de mísseis modernos, com destaque para o míssil ar-ar A-Darter em primeiro plano, exibindo as bandeiras do Brasil e da África do Sul.
Com 2,98 metros de comprimento e 90 Kg de peso, o A-Darter se destaca pela ausência das pequenas aletas aerodinâmicas de controle usadas para as manobras. No lugar delas, o modelo tem capacidade de direcionar o empuxo do seu motor-foguete. Desse modo consegue realizar manobras que o submete a até 100 vezes a força da gravidade (100 G). Os caças de combate mais modernos não passam de 9 G.
Guiado por calor, o A-Darter também consegue “enxergar” em mais de uma frequência de infravermelho e evita ser enganado por “flares”, iscas pirotécnicas lançadas pelas aeronaves inimigas para confundir os mísseis. O alcance máximo do A-Darter é de 12 Km

Nos últimos anos, conflitos como Ucrânia x Rússia, Israel x Irã e Azerbaijão x Armênia evidenciaram uma profunda mudança na dinâmica da guerra moderna, especialmente nos campos da balística e do emprego de drones, tanto para ataque quanto para identificação e reconhecimento. Essas guerras mostraram que, mais do que o número de tropas, o que define a vantagem militar hoje é o domínio tecnológico — a capacidade de detectar, reagir e neutralizar o inimigo com precisão, agilidade e autonomia.

Nesse cenário, a Avibras Indústria Aeroespacial S.A. reafirma sua importância estratégica para o Brasil e sua defesa nacional. A empresa atua diretamente na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que acompanham essas tendências globais, investindo em sistemas balísticos avançados e em veículos aéreos não tripulados (VANTs [5]).

Dois de seus programas mais importantes refletem essa evolução: o ASTROS 2020 e o Programa Falcão. O ASTROS 2020, sucessor da consagrada família de sistemas ASTROS, representa o que há de mais moderno em artilharia de foguetes e mísseis táticos, com maior alcance, precisão e integração digital entre unidades de comando, sensores e drones. Já o Programa Falcão é um marco na tecnologia nacional de drones, voltado para reconhecimento, vigilância e ataque, demonstrando a capacidade brasileira de desenvolver soluções de ponta em um setor dominado por grandes potências.


Interior de um laboratório limpo e moderno da Avibras, onde técnicos de jaleco branco trabalham ao redor do "Falcão", um grande Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) de cor cinza.
FALCÃO ARP
Diagrama técnico do "Projeto VANT", ilustrando a infraestrutura operacional do drone Falcão, incluindo estações de controle em caminhões, antenas de datalink e logística de apoio em solo.


Infográfico explicativo do "Míssil Tático de Cruzeiro - ASTROS 2020" (AV-MTC), detalhando seu perfil de voo, ficha técnica e uma foto de autoridades militares ao lado do armamento real.
MTC-AV 300 pode atingir alvos a 300 Km de distância.
Maquete branca em escala do míssil de cruzeiro AV-TM 300 exposta sobre um suporte, com as logomarcas da Avibras, do Ministério da Defesa e do Exército Brasileiro na lateral.
Maquete branca em escala do míssil de cruzeiro AV-TM 300 exposta sobre um suporte, com as logomarcas da Avibras, do Ministério da Defesa e do Exército Brasileiro na lateral.

Com esses projetos, a Avibras coloca o Brasil em posição de destaque no cenário mundial de defesa e inovação tecnológica, garantindo autonomia estratégica e independência industrial em áreas essenciais. Em um mundo onde a guerra moderna se transforma rapidamente, manter e fortalecer empresas como a Avibras é proteger a soberania nacional e assegurar que o Brasil esteja preparado para os desafios do século XXI.

Mais do que uma empresa, a Avibras é um patrimônio tecnológico e estratégico da Nação, símbolo da capacidade do povo brasileiro de criar, inovar e se defender com meios próprios. Seu fortalecimento e sua reintegração plena à estrutura de defesa nacional, com o apoio do Estado e da sociedade, são fundamentais para garantir que o Brasil continue soberano, independente e respeitado no concerto das nações.


Referências:

Notas de Rodapé:

[1] Articulista, tradutor e entusiasta da geopolítica.

[2] ASTROS: Sigla para Artillery Saturation Rocket System (Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área).

[3] Autonomous Firing Calculation significa Cálculo de disparo autônomo.

[4] Shoot & Scoot: Tática de artilharia que consiste em disparar (Shoot) e mover-se imediatamente para uma nova posição (Scoot) para evitar o fogo de contra-bateria inimigo.

[5] VANT / ARP: Veículo Aéreo Não Tripulado / Aeronave Remotamente Pilotada. O texto menciona ambos os termos (VANT na pág. 2 e pág. 20; ARP na pág. 21)

[6] C4ISTAR: Sigla militar para Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento. O texto menciona que o sistema é escalável de Batalhão à Divisão

[7] Tectran: Subsidiária da Avibras (Tectran Indústria e Comércio S.A.), criada em 1982, responsável pelo desenvolvimento de veículos especiais e adaptações de chassis para o sistema ASTROS e uso civil.

[8] Tatra: Fabricante de veículos da República Checa, cujo chassi T-815-7 foi escolhido para as versões Mk-5 e Mk-6 do ASTROS após o veto do governo alemão ao uso de chassis Mercedes-Benz.

[9] A-Darter: Míssil ar-ar de curto alcance de quinta geração, desenvolvido em parceria entre o Brasil e a África do Sul, capaz de realizar manobras de até 100 G.

[10] Joint Ventures: Modelo de colaboração empresarial mencionado como potencial para expandir vendas e cooperações internacionais da Avibras.

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