Em defesa de Getúlio, um verdadeiro democrata!
- Tulio Aramont

- 29 de ago. de 2023
- 5 min de leitura
É realmente importante que aprimoremos nossa habilidade em compartilhar informações verdadeiras com todos os brasileiros. Devemos agarrar as chances que aparecem. É surpreendente como sentimos falta de uma organização política forte para competir na maneira como contamos nossa história.
Vamos olhar um pouco para o passado. Quando Getúlio Vargas se uniu à Revolução de 1930, ele tinha cinco fazendas. No dia de sua morte, tinha apenas três. Seu governo foi complexo: por um lado, houve 8 anos de uma forma de governo chamada Estado Novo que se iniciou em 1937. Por outro lado, ele teve que enfrentar a insatisfação de muitos da elite brasileira. Isso ocorreu especialmente devido a momentos históricos marcantes, como o aumento de 100% no salário mínimo em fevereiro de 1954, a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a criação da Petrobras.
A trajetória de Vargas ao longo de sua vida pública mostrou uma linha de pensamento coesa, que começou desde seus tempos de estudante. Ele nunca abraçou o liberalismo. Vargas não acreditava que apenas o mercado seria suficiente para fazer o Brasil crescer. Tanto a industrialização quanto as melhorias sociais precisariam de um empurrãozinho. Ele sempre criticou o liberalismo como a "ideia dos poderosos", que se opunha a mudanças no jeito das coisas, desde seus dias de positivista até seus últimos momentos de vida.
Getúlio não tinha uma visão marxista de Brasil, mesmo este discursando que aderia ao socialismo no seu discurso em 29.11.1946:
“A velha democracia liberal e capitalista está em franco declínio porque tem seu fundamento na desigualdade. A ela pertencem, repito, vários partidos com o rótulo diferente e a mesma substância. A outra é a democracia socialista, a democracia dos trabalhadores. A esta eu me filio. Por ela combaterei em benefício da coletividade”
A ideia de socialismo que se pode tirar proveito do entendimento de Vargas, está para além do modelo soviético planificador, ele apoiava a livre iniciativa e a propriedade privada como princípios para a economia, tornando o capitalismo mais justo, que não resultaria na luta de classes. Mas não do tipo de liberalismo que está em voga hoje. Ele defendeu um caminho que valorizava nossa nação e nossa gente, acreditando que um governo forte e ativo era crucial para conduzir o país rumo ao progresso. Por isso não precisou travar uma luta de classes, quando teve que travar uma luta contra o liberalismo imperialista. Isso mostra sua preocupação com o Brasil e sua vontade de moldar nosso desenvolvimento de acordo com nossas necessidades e características, indo além de ideologias importadas.
É bom recordar também que Getúlio Vargas enfrentou grandes desafios durante sua época, inclusive com a chamada "república do Galeão". Mas que culminaram na prova de triunfo de sua pessoa e seu governo no dia de sua morte, em 24 de agosto de 1954, os trabalhadores protestaram danificando carros do jornal O Globo e invadindo a sede do Jornal Tribuna da Imprensa. Carlos Lacerda principal opositor de Vargas, teve até que sair do Brasil para escapar das tensões, tamanha a revolta popular.
A ideia usada pela UDN para acusar Vargas de corrupção e responsabilizá-lo por ações de sua guarda pessoal, liderada por Gregório Fortunato, não tinha muitas provas convincentes. Na verdade, é curioso notar que Vargas saiu da política com menos riqueza do que quando começou. Imagina estar no Rio de Janeiro e ter que cuidar dos negócios de sua fazenda em São Borja? O CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil), da Fundação Getúlio Vargas, recentemente publicou as cartas trocadas entre Vargas e sua filha Alzira durante o período em que ele estava em São Borja após ser deposto em 1945. Nessas cartas, fica bem claro que a família estava enfrentando dificuldades financeiras. E olha que isso não é política, eram mensagens pessoais entre pai e filha.
É provado que ele se recusava a pedir dinheiro emprestado de bancos públicos e privados para não parecer que estava buscando privilégios. Para construir uma casa em Petrópolis, ele teve que ir fazendo aos poucos, porque não tinha condições de executar todo o projeto de uma vez. Afinal, a família era grande.
Tudo isso mostra que Vargas não estava focado em enriquecer através da política. Era um homem que tinha que lidar com desafios financeiros reais. E ao fazer isso, ele demonstrava o desejo de evitar qualquer aparência de privilégio. Isso nos lembra da importância de ser honesto e cuidadoso, especialmente quando se trata de liderança e do país como um todo.
Hoje em dia, estamos vendo tudo que Getúlio e os trabalhistas construíram, ruir. A CLT se enfraquecer, a Petrobras passando por privatizações e conquistas sociais dos trabalhadores sendo colocadas em risco. Os meios de comunicação, os parlamentares, os sindicatos e nossos aliados deveriam estar se concentrando em ressaltar esses acontecimentos. É importante revelar como o papel dos Estados Unidos está afetando essas mudanças. Devemos deixar claro para todos como estão desmontando gradualmente as bases do nosso projeto como nação e atrasando o progresso das nossas bases sociais, econômicas e políticas.
O PT sempre manteve distância da herança do trabalhismo. Em vez disso, seguiu uma visão que era influenciada por figuras como Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Francisco Weffort e Octavio Ianni, conhecida como "esquerda uspiana". Essa visão via o trabalhismo como algo associado ao populismo. Curiosamente, essa perspectiva não era muito diferente da visão dos udenistas, que também viam o varguismo como uma forma de "manipulação das massas", demagogia e um modo de "dar anéis para não perder os dedos".
Com o passar do tempo, algumas tendências do partido parecem ter reavaliado essa postura ou, pelo menos, pararam de usá-la no debate ideológico. Fernando Henrique Cardoso contribuiu para essa mudança ao expressar o desejo de encerrar a "era Vargas" no dia de sua posse como presidente em janeiro de 1995. É totalmente equivocada a idéia de considerar o PT como o "herdeiro" do trabalhismo, especialmente porque o próprio partido não se autointitula dessa forma. Além disso, partes do partido ainda continuam a rotular Vargas e Goulart como representantes de um "populismo".
Mas eu mesmo sendo um trabalhista, que adere aos valores cristãos, reconheço a importância de notar que essas diferentes perspectivas políticas refletem uma variedade de pontos de vista sobre o legado histórico do Brasil. Cada grupo tem sua própria maneira de interpretar o passado político do país, e essa diversidade é parte do nosso rico panorama político nacional, algumas não necessariamente honestas outras honestas mas que estão fora do radar do povo.
A questionada e tão falada tal democracia ocidental, que tantos acusam Vargas de ser desafetuoso, voltou em 1950 pelos braços do povo que legitimou e pediu o “retrato do velho no mesmo lugar” e morreu por ela quando as força que pretendiam aplicar-lhe um golpe desistiram com seu ato de auto sacrifício permitindo ao Brasil 10 anos de plena democracia e desenvolvimento:
“Impera no Brasil essa democracia capitalista, comodamente instalada na vida, que não sente a desgraça dos que sofrem e não percebem, às vezes, nem mesmo o indispensável para viver. Essa democracia facilita o ambiente propício para a criação dos trustes e monopólios, das negociatas e do câmbio negro, que exploram a miséria do povo. Tira o que foi cedido ao Estado para entregar ao monopólio de empresas particulares.”
Getúlio Vargas, mesmo sendo um ditador outrora, também percebeu e se desafiou a essa noção, porque ele envolveu as massas populares na cidadania, dando a eles voto universal, na vida política e nos ganhos econômicos mais do que qualquer outro. Claro, para realizar isso, ele teve que enfrentar a resistência dos liberais que sempre criticaram o verdadeiro campo popular, que estão mais ligados às suas ideias antigas e modelos que não fazem sentido nenhum em nosso país, a não ser para um pequeno grupo com mentalidade importada. É uma "democracia" capitalista, ou uma democracia dos "iluminados" de classes europeias, que Getúlio não levava a sério e desprezava profundamente.
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