Recortes históricos: quando Henry Kissinger defendeu o programa nuclear brasileiro
- Gabriel Passos

- 1 de abr.
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Gabriel Passos[1]
O artigo "Não somos uma agência de não-proliferação[2] ": a tentativa fracassada de Henry Kissinger de acomodar o Brasil nuclear, 1974-1977[3]" do jornal acadêmico norte-americano 'Estudos da Guerra Fria" apresenta um recorte histórico importante e com riqueza de detalhes inéditas sobre o Programa Nuclear Brasileiro e como Henry Kissinger (seguindo uma política amigável com o Brasil) baseada na Doutrina Nixon foi intermediário pró Brasil nas complicadas negociações desse processo.
Após a primeira explosão nuclear da Índia em 1974, as autoridades americanas concluíram que o Brasil representava um risco crescente de proliferação e propuseram atingir o Brasil com um novo conjunto de políticas de não-proliferação que incluíam a negação de tecnologias de ciclo de combustível.
No entanto, o secretário de Estado, Henry Kissinger, expressou dúvidas de que tal abordagem reduziria as ambições nucleares brasileiras. Contrariando vozes influentes no Congresso dos EUA, no Departamento de Estado e na Agência de Controle de Armas e Desarmamento dos EUA, Kissinger argumentou que o Brasil deveria ter permissão para prosseguir com seus planos de dominar o ciclo do combustível nuclear em troca de assistência dos EUA e de novos compromissos de não-proliferação.
Ele justificou essa atitude com base na política de aliança (o Brasil era um pilar muito importante da política da Guerra Fria dos EUA na América Latina) e nos interesses dos principais constituintes domésticos (as empresas privadas dos EUA estavam de olho na florescente indústria nuclear do Brasil). O governo brasileiro respondeu bem à abordagem de Kissinger e teria chegado a um acordo se a transição para o governo Carter não tivesse tornado a barganha insustentável.
Muito antes da explosão nuclear indiana de 1974 despertar a comunidade internacional para os riscos de proliferação nos países em desenvolvimento, o Brasil encontrou nos Estados Unidos seu principal parceiro para a era nuclear.
No final dos anos 1930 e 1940, uma série de acordos secretos permitiu que o governo dos EUA obtivesse suprimentos de terras raras brasileiras, tório e urânio para suas operações de guerra.
Na década de 1950, o Brasil foi um dos principais receptores de fundos e assistência técnica de laboratórios americanos no âmbito do programa Átomos para a Paz, e uma geração de cientistas nucleares brasileiros treinados em universidades americanas. À medida que as décadas de 1960 e 1970 avançavam as autoridades em Brasília se voltaram para os Estados Unidos em busca de apoio na criação de um complexo industrial nuclear indígena que esperavam incluir instalações de enriquecimento e reprocessamento de urânio.
O primeiro reator nuclear do Brasil (Angra I) foi construído e abastecido sob um contrato da Westinghouse endossado pelas autoridades dos EUA.

No entanto, o teste indiano em 1974 mudou rapidamente a dinâmica em Washington e em todo o Ocidente, com repercussões significativas para as perspectivas de proliferação no mundo em desenvolvimento.
Para surpresa das autoridades brasileiras, os principais tomadores de decisão do Departamento de Estado, da Agência de Controle de Armas e Desarmamento (ACDA) e representantes do Congresso dos EUA apresentaram novos argumentos para a aplicação de regulamentações mais rígidas à transferência de tecnologias nucleares sensíveis, e um grupo central de países ocidentais decidiu estabelecer regras e controles comuns para fornecedores de tecnologia nuclear no que mais tarde se tornaria o Grupo de Fornecedores Nucleares.
Se forem bem-sucedidos, os argumentos para regulamentações adicionais no campo das transferências globais de know-how nuclear equivaleriam a uma estrutura normativa muito mais intrusiva nos assuntos internos dos países em desenvolvimento do que antes. Em uma época em que o confronto político-diplomático entre o Norte industrializado e o Sul em desenvolvimento era agudo em domínios tão variados quanto comércio, ajuda e o Direito do Mar, as disputas sobre a proliferação nuclear ameaçavam romper os laços que por muito tempo ligaram os Estados Unidos a alguns de seus aliados mais próximos do terceiro mundo na Guerra Fria global.
Este artigo ilustra como Henry Kissinger administrou a tensão emergente entre a política tradicional de alianças e a política de não proliferação no mundo em desenvolvimento. Como conselheiro de segurança nacional de 1969 a 1975 (e secretário de Estado de 1973 a 1977), Kissinger tornou-se o principal arquiteto e operador da política de engajamento com a ditadura militar que governava o Brasil. Ele convenceu Richard Nixon a falar sobre os governantes do Brasil como "chave para o futuro" quando os perigos da convulsão social e da revolução se espalharam por países sul americanos como Argentina, Bolívia, Chile, Peru e Uruguai. Mas, a explosão nuclear da Índia em 1974 reacendeu as preocupações entre altos funcionários dos EUA e da Europa Ocidental de que a disseminação de tecnologias nucleares - que chegaram à América do Sul pelas mãos dos Estados Unidos - poderia acabar em instalações nucleares secretas administradas por militares e cientistas interessados em adquirir ou construir suas próprias capacidades para produzir material físsil. Para ter certeza, algum nível de preocupação sempre esteve presente.
A partir da década de 1950, as autoridades americanas trabalharam para impedir que o Brasil adquirisse tecnologia de centrífuga e atrasar o ritmo de desenvolvimento do know-how indígena. Mas apenas o choque de 1974 induziu o governo dos EUA a temer que a disseminação da tecnologia dupla para o mundo em desenvolvimento pudesse ter efeitos desestabilizadores para a política dos EUA, mesmo que os países em questão fossem aliados confiáveis da Guerra Fria.
As principais autoridades dos EUA decidiram apertar os controles e elaborar medidas de não proliferação direcionadas, mas sua busca por um novo conjunto de políticas destinadas a impedir a disseminação da tecnologia nuclear encontrou um poderoso desafiante em Kissinger, que respondeu apresentando uma proposta para acomodar as ambições nucleares brasileiras.

Este artigo também procura contribuir para o corpo de trabalho que nos últimos anos lançou uma nova luz sobre as políticas de não-proliferação dos EUA na década de 1970, com foco no ceticismo dos governos Nixon e Ford sobre as perspectivas do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), o papel das tecnologias nucleares na sustentação da arquitetura de aliança da Guerra Fria, e as escolhas difíceis que Washington teve que fazer em suas tentativas de forjar um regime robusto de não proliferação.
Embora Kissinger se preocupasse com a possibilidade de que os aliados do terceiro mundo pudessem adquirir suas próprias capacidades nucleares, ele fez questão de defender "soluções políticas" para os problemas inerentes à disseminação do know-how nuclear.
Ele não estava confiante de que controles adicionais e políticas de não proliferação direcionadas impediriam efetivamente a difusão da tecnologia e temia que as tentativas dos EUA de interromper a disseminação da ciência nuclear pudessem alienar aliados e ser contraproducentes. Além disso, na medida em que outros países ocidentais cuidavam dos interesses econômicos de suas próprias indústrias nucleares nacionais, os Estados Unidos poderiam se ver cada vez mais isolados em um mercado global que antes controlavam. Neste artigo, também desenterramos novas fontes primárias relativas às crescentes tensões entre os Estados Unidos e a República Federal da Alemanha (RFA) sobre as transferências de tecnologia dual para o Brasil, complementando e expandindo os corpos de conhecimento existentes.
A disposição inicial do governo da Alemanha Ocidental de fornecer assistência técnica nuclear aos brasileiros por meio do maior acordo bilateral de cooperação tecnológica tornou-se uma séria fonte de atrito diplomático nas relações EUA-RFA e EUA-Brasil.
A história da política de Kissinger de acomodação em relação a um Brasil nuclear é parte de uma atitude mais ampla de pragmatismo em face da disseminação de capacidades nucleares independentes entre os aliados dos EUA, enquanto esses aliados permanecerem cruciais para a política externa dos EUA.
A relutância de Kissinger em reagir com muita força à política brasileira de aquisição e desenvolvimento de tecnologia de uso duplo, portanto, ilustra temas que marcaram a política dos EUA em relação a outros países em desenvolvimento que estavam comprometendo recursos para suas próprias capacidades nucleares, como Argentina, Irã, Paquistão e África do Sul.
Nosso relato da política de acomodação de Kissinger em relação ao Brasil é baseado em registros norte-americanos e brasileiros e em entrevistas de história oral em profundidade com atores-chave. Esperamos que este artigo encoraje outras pessoas a procurar mais materiais relativos aos países-chave em todo o mundo em desenvolvimento e, assim, pavimentar as bases para uma história mais ampla e global da diplomacia da não-proliferação na era da distensão Leste-Oeste.
O artigo começa discutindo como os governos Nixon e Ford se propuseram a transformar o Brasil em um aliado na Guerra Fria global e quais parâmetros estabeleceram para garantir o engajamento em Brasília.
Observamos como o choque do petróleo de 1973 e o aumento da demanda global por energia nuclear reduziram a capacidade do governo dos EUA de honrar os compromissos existentes de fornecer combustível nuclear para futuras usinas nucleares brasileiras e levaram as autoridades brasileiras a buscar outros parceiros mais confiáveis no mundo industrializado.
Em seguida, voltamo-nos para a emergente cooperação em tecnologia nuclear entre o Brasil e a RFA, o único país que inicialmente concordou em vender tecnologias de enriquecimento de urânio aos brasileiros em troca de contratos lucrativos no setor de energia nuclear.
O artigo então analisa a decisão de Kissinger de resistir à pressão de seu próprio governo e do Congresso para elaborar uma política de não-proliferação dedicada ao Brasil e, em vez disso, procura acomodar as ambições nucleares dos generais brasileiros.
O artigo se volta para a campanha presidencial de Jimmy Carter, quando o Brasil foi apontado como um estado-alvo tanto para a proliferação nuclear quanto para a política de direitos humanos, no que equivaleu a uma crítica contundente à política de Kissinger de engajamento com a junta militar brasileira.
Terminamos mostrando como a transição presidencial de janeiro de 1977 fez com que a acomodação dos EUA no Brasil se desfizesse, abrindo as portas para uma abordagem mais conflituosa.

Kissinger engaja o Brasil:
Pouco depois de Kissinger se tornar conselheiro de segurança nacional em 1969, ele começou a reexaminar a política em relação ao Brasil. De longe o maior país da América do Sul, o Brasil era governado por um regime militar firmemente anticomunista empenhado em lutar sua própria Guerra Fria regional.
Em poucos meses Kissinger encomendou um conjunto de documentos políticos para transformar o Brasil em um alvo de "devolução": a tentativa do governo Nixon de delegar poder e responsabilidade a potências regionais emergentes como Irã, África do Sul, Indonésia e Brasil.
Em 1971, o Brasil ditatorial era um dos principais beneficiários da Doutrina Nixon, segundo a qual os principais países do mundo em desenvolvimento desfrutavam de acesso privilegiado e concessões da Casa Branca em troca de coordenação de políticas em assuntos regionais e em instituições multilaterais globais. Como o presidente Nixon argumentou ao primeiro-ministro britânico Edward Heath em uma discussão sobre o futuro da Guerra Fria na América Latina, o Brasil "é a chave para o futuro".
A "devolução" do governo Nixon coincidiu com a tentativa do Brasil de construir um grande complexo industrial nuclear. Os planos brasileiros de adquirir tecnologia nuclear para fins civis remontam a meados da década de 1940, mas somente no final da década de 1960 a energia nuclear ocupou o centro das atenções na política industrial brasileira.
O regime decidiu comprar um punhado de usinas nucleares de vendedores estrangeiros e fornecer crédito subsidiado para o desenvolvimento de um complexo industrial nuclear nativo nascente para apoiar essas usinas. A expectativa em Brasília era que a construção de usinas nucleares se espalhasse para promover serviços industriais nucleares associados no país e que houvesse um movimento sério em direção à pesquisa e desenvolvimento nativo com base nas transferências de tecnologia estrangeira.
O objetivo era preparar o caminho para o desenvolvimento de capacidades industriais nativas no ciclo do combustível nuclear, incluindo extração, enriquecimento e reprocessamento de urânio. Essas prioridades reforçaram a crença em Brasília de que a assinatura do TNP iria contra os interesses nacionais, especialmente se a adesão ao tratado acabasse fechando opções futuras no campo de explosões nucleares e armamento.
Os líderes do Brasil se recusaram a assinar o TNP, argumentando que ele hipotecou permanentemente o futuro tecnológico de Estados não nucleares.

Nada disso afetou a disposição dos Estados Unidos de cooperar com o programa nuclear brasileiro. Em 1971, após um processo de licitação, o Brasil concedeu seu primeiro contrato de usina nuclear à Westinghouse Electric Company.
A empresa norte-americana forneceu uma usina nuclear pronta para uso com um reator de água pressurizada, cujo combustível seria comprado pelo Brasil da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos (USAEC) em contratos plurianuais.
Além de usinas nucleares para geração de eletricidade, o Brasil esperava comprar tecnologias de prospecção de urânio dos Estados Unidos para a exploração de suas próprias grandes reservas de urânio, que haviam sido nacionalizadas em 1970. Na época, o Brasil também buscou cooperação técnica dos EUA para construir uma instalação de enriquecimento de urânio e explorar o reprocessamento de combustível usado.
Os Estados Unidos excluíram as tecnologias de enriquecimento e reprocessamento do acordo, mas a venda do reator avançou mesmo quando a maré nos círculos políticos em Washington estava começando a se voltar contra possíveis proliferadores como o Brasil.
Na época em que Watergate engolfou o governo Nixon, o teste nuclear da Índia em maio de 1974 havia transformado as atitudes dos EUA em relação ao Brasil para sempre, e uma proibição de exportação de tecnologias sensíveis havia se tornado operacional. À medida que Nixon renunciou e o mundo enfrentou as implicações da bomba indiana, a influência em Washington sobre as vendas nucleares para países em desenvolvimento mudou progressivamente da Casa Branca para outras agências do poder executivo e, cada vez mais, para o Congresso, tornando mais difícil justificar a cooperação técnica nuclear para países como o Brasil por motivos de política externa e grande estratégia.
As atitudes dominantes no Brasil, no entanto, estavam se movendo rapidamente em direção a uma postura cada vez mais nacionalista em questões nucleares. As autoridades eram menos propensas a se comprometer com as normas de não proliferação e adotaram totalmente a retórica anti-TNP que durou três décadas.
Sua posição, sem dúvida, teve a ver com as crescentes ambições nucleares do regime brasileiro, mas o significado completo dessa transição só pode ser compreendido se a história estiver inserida no contexto da política interna brasileira.
Logo após a crise dos mísseis cubanos em outubro de 1962, o governo de esquerda democraticamente eleito do Brasil assumiu uma série de compromissos com a não-proliferação. Ao lado do México, o Brasil tomou a iniciativa de transformar a América Latina em uma zona livre de armas nucleares.
Na época, o Brasil era um membro ativo do Comitê de Desarmamento de dezoito nações da Organização das Nações Unidas (ONU), que se propôs a considerar o desarmamento, medidas de construção de confiança e restrições a testes nucleares como forma de fornecer a base para uma governança nuclear global estável. Os militares brasileiros, que se opunham ao presidente João Goulart, passaram a ver novos passos em direção à não-proliferação como uma ameaça à autonomia política brasileira, à independência tecnológica e à grandeza nacional.
Quando os militares derrubaram Goulart do poder no final de março de 1964, a política brasileira em questões nucleares havia se invertido. Embora os novos governantes tenham evitado quaisquer planos de abandonar as negociações para uma zona livre de armas nucleares na América Latina, eles introduziram disposições no tratado para garantir que o Brasil pudesse permanecer formalmente membro da área desnuclearizada sem nunca adotar seu regime de salvaguardas ou sua proibição de "explosões nucleares pacíficas" (PNEs) nos moldes do programa Plowshares dos EUA. Em 1967, a junta militar brasileira se comprometeu explicitamente a manter a porta aberta para a possibilidade de construir um explosivo nuclear no futuro.
Em 1969, também se recusou a assinar o TNP, acusando-o de hipotecar permanentemente o futuro tecnológico dos Estados não-nucleares.
Os brasileiros não se preocuparam com o fato de sua posição poder desencadear um dilema de segurança na vizinha Argentina, onde funcionários do governo também viram a evolução do regime global de não proliferação como prejudicial aos seus próprios interesses nacionais.

À medida que a política de assistência de tecnologia nuclear ao Brasil começou a perder apoio em Washington, as autoridades brasileiras se voltaram para os países europeus como fornecedores potenciais, embora as autoridades brasileiras considerassem a tecnologia dos EUA superior e mais adequada aos interesses do próprio Brasil.
A busca por parceiros alternativos no lugar dos Estados Unidos como principal fornecedor de tecnologia do Brasil não era nova: o Brasil havia passado por uma busca semelhante vinte anos antes, na década de 1950, quando começou a adquirir centrífugas para fins de pesquisa e encontrou resistência dos Estados Unidos.
Agora, no início dos anos 1970, Paris e Bonn representavam o alternativo. Os governos da França e da Alemanha Ocidental não mostraram sinais de sacrificar uma boa venda de tecnologia nuclear para o Brasil no altar das regras e controles emergentes e cada vez mais rígidos de não-proliferação.

Os brasileiros se sentiram pressionados a organizar um pacote de compras nucleares também por outro motivo: a crise energética global de novembro de 1973, que ameaçou a economia brasileira em expansão - e a estabilidade política doméstica da qual o regime governante dependia.
Na época, o Brasil importava quase todo o seu petróleo e, com o aumento do preço do petróleo, o crescimento econômico que sustentava o regime autoritário do Brasil desde 1964 ficou seriamente ameaçado.
Em uma tentativa de encontrar soluções para esse problema, as autoridades brasileiras esperavam que a produção doméstica de energia nuclear pudesse fornecer uma saída a médio e longo prazo.
No início de 1974, eles estavam convencidos de que, quando se tratava de tecnologias nucleares estrangeiras, "uma ação rápida seria altamente compensatória" e avançaram para lançar o Plano 1990, um programa criado pela Eletrobras para expandir a capacidade elétrica doméstica nos 25 anos seguintes por meio da construção de oito usinas nucleares e da aquisição de tecnologias do ciclo do combustível.
A busca do Brasil por outros parceiros internacionais além dos Estados Unidos na produção de combustível nuclear ficou mais forte quando a USAEC anunciou unilateralmente em agosto de 1974 que, na esteira da crise energética e do consequente aumento na demanda global por urânio enriquecido, não seria capaz de honrar seu compromisso de fornecer combustível para as futuras usinas nucleares do Brasil.
A possibilidade de tal interrupção no futuro fornecimento de combustível sempre foi uma possibilidade. Cláusulas nesse sentido haviam sido incluídas nos contratos assinados entre os Estados Unidos e o Brasil apenas dois meses antes. Mas o governo brasileiro ficou muito ofendido com a medida e denunciou a falta de confiabilidade dos EUA, abrindo caminho para que os países europeus interviessem como futuros fornecedores do programa nuclear brasileiro.
Os nacionalistas no Brasil apoiaram a decisão dos governantes militares de se afastarem dos Estados Unidos, retratando a suspensão de Washington de futuras garantias de combustível como uma trama maligna para impedir a modernização da economia brasileira. O argumento ficou mais forte nos círculos políticos de que o Brasil encontraria um lugar adequado em um mundo nuclear apenas se desenvolvesse capacidades nucleares nativas (mesmo que o longo caminho para a autossuficiência exigisse algumas paradas em Paris ou Bonn). O nacionalismo, o governo autoritário e a profunda suspeita das intenções dos EUA eram agora a base sobre a qual as ambições nucleares brasileiras se enraizavam. Crítico para este período foi a explosão indiana de maio de 1974. A partir desse momento, as preocupações globais com a proliferação nuclear aumentaram, transformando o Brasil ditatorial em um estado-alvo. O processo, no entanto, foi lento, e o governo da Alemanha Ocidental tinha incentivos poderosos para considerar a substituição dos Estados Unidos como a principal fonte de reatores e fornecimento de tecnologia nuclear de Brasília.
O Acordo Nuclear entre a Alemanha Ocidental e o Brasil:
Em fevereiro de 1974, o governo brasileiro procurou novos parceiros para complementar a cooperação dos EUA. A estratégia do Brasil, como no passado, era ter o maior número possível de parceiros, com o objetivo de reduzir a dependência de terceiros. Os brasileiros se voltaram principalmente para a França e a RFA, países com as indústrias nucleares mais avançadas depois dos Estados Unidos. Japão, Grã Bretanha e Itália também foram considerados, mas não para os planos mais ambiciosos do Brasil, que incluíam não apenas a decisão de 1973 de adquirir um segundo reator nuclear, mas também o objetivo de se equipar para o ciclo completo do combustível nuclear, incluindo tecnologias sensíveis como enriquecimento de urânio por ultracentrífuga e reprocessamento de combustível usado.
As conversas com autoridades francesas e da Alemanha Ocidental foram mantidas em silêncio. Não está claro se o governo francês estava ciente de que estava em "competição" com a RFA, mas após vários meses de negociações, os emissários da Commission à l'Énergie Atomique (Comissão Francesa de Energia Nuclear) disseram aos brasileiros que a França não forneceria tecnologias sensíveis de enriquecimento por difusão gasosa. Em vez disso, os franceses se ofereceram para vender reatores de energia Framatome[4] para serem abastecidos pelo consórcio europeu Eurodif, e os brasileiros acabaram em 1975 limitando a cooperação com a França à pesquisa de reatores rápidos.
As negociações com a RFA revelaram-se mais frutuosas. Em meados de fevereiro de 1974, autoridades da Alemanha Ocidental e do Brasil começaram a negociar um grande acordo, incluindo joint ventures[5] público-privadas para minerar e enriquecer urânio, treinar centenas de funcionários e cientistas do setor nuclear brasileiro e transferir materiais pesados, turbogeradores e tecnologia de reatores da indústria nuclear da Alemanha Ocidental para o Brasil. Por sua vez, as autoridades brasileiras concordaram em comissionar até oito reatores nucleares da Alemanha Ocidental até 1990.
A cooperação entre os dois países no campo teve um longo pedigree[6], com o Brasil comprando sua primeira centrífuga da RFA na década de 1950 e enviando uma geração de cientistas e engenheiros nucleares para concluir sua pós-graduação na Alemanha Ocidental. Cientistas brasileiros treinaram no centro de pesquisa nuclear de Jülich, que também foi a sede da pesquisa de centrífugas a gás da RFA. Além disso, no final da década de 1960, o ministro da Fazenda da Alemanha Ocidental, Franz Josef Strauss, e o secretário do Ministério de Pesquisa Científica, Hans-Hilger Haunschild, ofereceram aos brasileiros um ambicioso plano de cooperação que incluía assistência na prospecção de urânio e a instalação secreta no Brasil de uma instalação de enriquecimento de urânio por ultracentrífuga (a ser instalada em uma pista de pouso controlada pela empresa Dornier no estado de Minas Gerais).
Embora a assistência proposta fosse exatamente do tipo que os brasileiros esperavam garantir, eles recusaram a oferta sob pressão dos EUA. De acordo com o principal negociador nuclear brasileiro, Paulo Nogueira Batista, os Estados Unidos ameaçaram bloquear um empréstimo do Banco Mundial para financiar usinas hidrelétricas se o Brasil buscasse tal acordo.
Enquanto as delegações do Brasil e da Alemanha Ocidental se reuniam para discutir os termos de um potencial acordo de assistência nuclear em 1974, os negociadores do Brasil agiam com base no pressuposto de que, embora os Estados Unidos continuassem sendo sua principal fonte de cooperação no campo nuclear, a RFA continuava disposta e capaz de ajudar no campo do enriquecimento de urânio por ultracentrífuga.

Na época, o mercado global de tecnologia nuclear estava em um estado de fluxo. O principal ator no campo, os Estados Unidos, estava considerando a privatização de grandes partes de seu setor nuclear, ao mesmo tempo em que concedia às empresas privadas a capacidade de exportar combustível nuclear e tecnologias sensíveis, bem como o direito de constituir instalações multinacionais para enriquecer urânio ou reprocessar material combustível irradiado no exterior.
Apenas alguns dias antes de os brasileiros abordarem as autoridades francesas e da Alemanha Ocidental sobre possíveis acordos de cooperação, Kissinger disse na Conferência de Energia de Washington que: "dentro de uma estrutura de ampla cooperação em energia, os Estados Unidos estão preparados para examinar o compartilhamento de tecnologia de enriquecimento, difusão e centrífuga".
A incerteza sobre o marco regulatório que rege as exportações de tecnologia nuclear era tão difundida que, até 1975, empresas privadas norte-americanas abordavam autoridades brasileiras para oferecer-lhes vendas de tecnologias e instalações que as empresas norte-americanas não poderiam exportar. Quando os brasileiros se afastaram dos Estados Unidos, as empresas americanas perderam a promessa de contratos multibilionários, alimentando a noção em Washington de que a RFA estava rapidamente se tornando um ávido concorrente no campo. As autoridades da Alemanha Ocidental, por sua vez, viram a abertura brasileira como uma grande oportunidade para reviver o Kraftwerk Union, um consórcio da Siemens e da AEG-Telefunken, da RFA, que enfrentava uma grave crise de caixa e uma crescente pressão dos sindicatos para encontrar novos mercados no exterior.
Já em maio de 1974, no entanto, a RFA teve que lidar com as dificuldades inerentes de fornecer assistência nuclear a terceiros em tal escala. Após meses de intensas negociações, as autoridades em Bonn decidiram não exportar a tecnologia de enriquecimento de ultracentrífugas para o Brasil. Em vez disso, eles começaram a desenvolver uma proposta alternativa para os brasileiros: o método do bico de jato, então não comprovado, uma técnica que na época não representava grandes riscos de produzir material físsil para armas. No entanto, as autoridades da Alemanha Ocidental não comunicaram isso aos seus colegas brasileiros imediatamente. Parte do motivo provavelmente foi comercial: deixar os brasileiros saberem que a RFA não entregaria o componente tecnológico central que motivou o acordo em primeiro lugar poderia inviabilizar as negociações como um todo. Mas parte do motivo pode muito bem ter sido o acordo URENCO entre a Alemanha Ocidental, a Holanda e o Reino Unido pedindo a classificação secreta da tecnologia de centrífuga a gás. Com os brasileiros no escuro sobre a decisão de Bonn de não vender tecnologia de enriquecimento, as negociações avançaram rapidamente de junho a outubro de 1974.
Quando os formuladores de políticas dos EUA souberam das negociações no final de agosto de 1974, eles agiram rapidamente para tranquilizar o Brasil de que encontrariam uma solução para a espinhosa questão do fornecimento de combustível originado nos EUA para os futuros reatores nucleares brasileiros. Eles até disseram aos brasileiros que os Estados Unidos encontrariam o combustível de alguma forma – seja da USAEC, de fontes privadas ou por meio da expansão da capacidade de enriquecimento nos Estados Unidos. Mesmo que as autoridades americanas esperassem que a legislação que rege as exportações nucleares se tornasse cada vez mais restritiva após a explosão nuclear da Índia, a preocupação perdurou com as implicações financeiras e políticas se o Brasil se voltasse "para outras necessidades de enriquecimento".
Quando as autoridades brasileiras viram a reação de Washington, perceberam que o simples fato de estarem negociando com a RFA servia como alavanca nas negociações de transferência nuclear brasileira com os Estados Unidos. O governo brasileiro pressionou os formuladores de políticas dos EUA a disponibilizar a tecnologia de enriquecimento e, assim, se tornar uma das principais partes interessadas no futuro complexo industrial do Brasil.
Em particular, John Crimmins, o embaixador dos EUA no Brasil, esforçou-se para manter Washington engajado. Apesar da esperança do Brasil de que os Estados Unidos pelo menos oferecessem um compromisso de fornecer combustível para seus futuros reatores nucleares, logo ficou evidente que nenhuma das partes interessadas dos EUA estava em posição de tranquilizar seus clientes brasileiros.
No início de 1975, no entanto, a grande empresa norte-americana Bechtel propôs um pacote de exportação para o Brasil que incluía usinas nucleares e uma instalação de enriquecimento. Era uma alternativa formidável ao acordo com a RFA, mas o Departamento de Estado dos EUA interveio imediatamente para esclarecer que nenhuma transferência de tecnologia seria permitida sob a nova legislação dos EUA, em particular porque o Brasil não era signatário do TNP.
A essa altura, estava claro que a recusa do Brasil em se tornar membro do tratado prejudicaria os interesses comerciais dos EUA no longo prazo. Fazer com que o Brasil mude de marcha e adira ao tratado desbloquearia o potencial comercial na relação bilateral. As autoridades brasileiras também se preocupavam em perder os Estados Unidos.
Depender exclusivamente da RFA era altamente problemático para o Brasil. Estruturar um grande programa nuclear em torno das provisões de tecnologia e combustível da Alemanha Ocidental era tão arriscado quanto tornar a política nuclear brasileira dependente dos Estados Unidos. As autoridades brasileiras estavam cientes de que a RFA também logo teria que enfrentar a expansão de um regime de não proliferação que estava se tornando mais exigente, intrusivo e preocupado em controlar as transferências de tecnologia sensível para países em desenvolvimento que poderiam seguir o caminho da Índia.
Em agosto de 1974, uma estimativa interagências dos EUA alertou que as ambições nucleares do Brasil mereciam muita atenção, ao lado das de Israel, Argentina, África do Sul e Japão. Três meses depois, Kissinger despachou uma equipe de planejamento político ao Brasil para expressar preocupação com as intenções nucleares do país.
A resposta brasileira foi desafiadora, insistindo que o Brasil não poderia desistir de sua busca para adquirir tecnologias do ciclo do combustível nuclear quando os Estados Unidos achavam legítimo suspender o fornecimento futuro de combustível nuclear.
Os brasileiros também expressaram sua irritação com o fato de os Estados Unidos não terem suspendido contratos semelhantes com Israel e Egito, aliados importantes no Oriente Médio. A delegação dos EUA retrucou que a capacidade dos Estados Unidos de honrar contratos de combustível nuclear no futuro dependeria, até certo ponto, das atitudes dos países receptores em relação ao uso de combustível, uma explicação que os brasileiros consideraram falsa.
Sabendo que o progresso com os brasileiros seria difícil de obter, as autoridades dos EUA se concentraram em envolver a RFA, onde o acordo com o Brasil estava provocando novas preocupações dentro das fileiras do governo sobre a melhor forma de regular a exportação de tecnologias sensíveis.
Um contrato então sendo redigido se propunha a impor salvaguardas estritas à exportação que, na prática, seriam mais abrangentes do que as do TNP. Ou pelo menos foi o que as autoridades da Alemanha Ocidental disseram a seus colegas em Washington enquanto se preparavam para a primeira rodada de negociações para coordenar os controles de exportação nuclear com outros membros do Clube de Londres (que logo se tornaria o Grupo de Fornecedores Nucleares).
A RFA garantiu a outros membros do grupo, incluindo França, Japão, Reino Unido, Canadá, União Soviética e Estados Unidos, que imporia controles rígidos ao Brasil por causa da recusa daquele país em assinar o TNP.
Os governos dos EUA e da Alemanha Ocidental cooperaram estreitamente na elaboração de regulamentos para transferências de tecnologia para o Brasil, mas o relacionamento não estava livre de tensões. Autoridades dos EUA insistiram que seus colegas da Alemanha Ocidental os consultassem antes de assinar qualquer acordo com o Brasil.
Além disso, os Estados Unidos defenderam "restrições especiais no fornecimento de tecnologia e equipamentos que resultam diretamente em material utilizável em armas", afirmando que "os EUA sentem que a exportação de tecnologia de reprocessamento e enriquecimento é uma preocupação particular e deve ser discutida entre os fornecedores para chegar a políticas comuns antes que quaisquer negociações pendentes nesta área sejam finalizadas".
A pressão dos EUA sobre a RFA funcionou. Enquanto Bonn tinha inicialmente proposto oferecer tecnologia de centrifugação para enriquecimento de urânio, agora retirou essa oferta. Também descartou a possibilidade de transferências de tecnologia resultantes da cooperação científica da Alemanha Ocidental com seus parceiros URENCO. Mas, os alemães ocidentais deixaram na mesa um elemento que salva a cara para o Brasil: a venda do bico de jato. Autoridades em Bonn acreditavam que a tecnologia do bico de jato tornaria quase impossível para o Brasil produzir urânio altamente enriquecido para armas nucleares. O governo brasileiro concordou em comprar o projeto do bico de jato como parte de um acordo nuclear bilateral mais amplo com a RFA.
Os alemães ocidentais também tiveram que se preocupar com outros membros do Clube de Londres, com a França e a União Soviética defendendo ao lado dos Estados Unidos um controle mais forte do comércio nuclear e mais salvaguardas para o acordo com o Brasil do que aquelas que acabaram sendo aplicadas.
As autoridades brasileiras sentiram que o novo conjunto de regulamentações elaborado em Londres constituía, na prática, um cartel emergente de exportações nucleares. No final, a RFA impôs salvaguardas ao Brasil que eram mais rígidas do que as disposições do TNP, abrangendo salvaguardas sobre materiais nucleares sensíveis e não sensíveis, equipamentos, instalações e a transferência de tecnologias relevantes, além de exportações e reexportações que poderiam derivar do acordo.
Com base nesse entendimento, o Brasil aplicaria salvaguardas a todas as suas atividades derivadas da cooperação da Alemanha Ocidental, permanecendo fora do TNP. Ao concordar com o novo conjunto de regras, o Brasil estava criando um precedente: um grande país em desenvolvimento que não era parte do TNP concordou formalmente com alguma medida de autocontenção em troca de assistência nuclear estrangeira. Isso permitiu que as autoridades brasileiras e da Alemanha Ocidental argumentassem que seu acordo era em si uma grande contribuição para o regime global de não-proliferação.
Embora a RFA e o Brasil tenham divergido na questão dos PNEs, eles conseguiram avançar em direção à conclusão. De acordo com o TNP, os Estados com armas nucleares reconhecidos como tal pelo tratado tinham o direito legal de vender serviços de explosão nuclear internacionalmente para grandes obras públicas ou de infraestrutura.
Os Estados Unidos e outros países que promoveram o TNP consideraram o desenvolvimento autônomo de PNEs por Estados não nucleares como um exemplo inquestionável de proliferação. Autoridades em Washington fizeram questão de afirmar que não havia diferença entre explosivos nucleares pacíficos e militares. O desacordo entre EUA e Brasil sobre os PNEs começou durante as negociações sobre o Tratado[7] de Tlatelolco[8], quando o Brasil apresentou uma interpretação de que o tratado deveria permitir legalmente o uso de PNEs. Esse desacordo foi transferido para as negociações do TNP.
No entanto, a posição dos EUA e da União Soviética prevaleceu, e o texto do TNP nunca autorizou estados não-nucleares a desenvolver PNEs. Os brasileiros viram isso como mais uma manobra por parte do Norte industrial para limitar o acesso dos países em desenvolvimento a um mercado lucrativo.
O regime militar que governava o Brasil na época evitou mencionar PNEs e qualquer possível uso não civil da energia nuclear. As autoridades brasileiras excluíram oficiais militares das negociações com Bonn, ao mesmo tempo em que divulgaram o acordo com a RFA como um grande sucesso para o uso pacífico do átomo. Eles definiram sua busca pela nuclearização como o desenvolvimento da capacidade nativa do ciclo do combustível, não o armamento, e enquadraram o acordo como um exercício de justiça nuclear global, argumentando que a assistência da Alemanha Ocidental concederia ao Brasil "o exercício efetivo do direito de nuclearização [nuclearização] - o objetivo de nossa política".
Além disso, as autoridades em Brasília nunca descreveram a aquisição de tecnologia nuclear como um desenvolvimento meramente tecnológico, mas como um instrumento de seu status crescente na política mundial. A aquisição de tecnologia de enriquecimento, nessa visão, impulsionaria o Brasil para cima nas hierarquias globais e frustraria as tentativas do Ocidente industrializado de impedir que grandes estados em desenvolvimento quebrassem o teto de vidro tecnológico acima deles.
O governo da Alemanha Ocidental, por sua vez, apresentou o acordo em casa como uma inovação em um campo onde as regras que regem estavam em um estado de fluxo, com pouco consenso emergindo dos principais fornecedores.
Como Peter Hermes, secretário de Estado do Ministério das Relações Exteriores da RFA, disse a seus colegas americanos: "Uma vez que um entendimento entre as nações fornecedoras mais importantes ainda não foi alcançado ... não será possível obter mais concessões dos brasileiros." Os que eles já haviam garantido teriam que ser suficientes.
O governo dos EUA continuou preocupado com o reprocessamento e armazenamento de combustível irradiado no Brasil. Do ponto de vista dos EUA, mesmo que o acordo com a RFA estivesse sob salvaguardas, o Brasil poderia eventualmente usar combustível irradiado para produzir plutônio adequado para uso militar, um precedente que poderia inviabilizar as negociações em andamento entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, Irã e Paquistão.
A política dos EUA era evitar a disseminação de instalações de reprocessamento em todo o mundo, e agora o Brasil estava empenhado em construir sua própria planta de reprocessamento.
As autoridades americanas não viam nenhuma justificativa econômica para tal instalação: os Estados Unidos tinham mais de 50 reatores nucleares em operação, mas nenhuma usina de reprocessamento. Por que o Brasil precisou de um? A resposta foi direta: o Brasil queria dominar todo o ciclo do combustível nuclear

A partir de abril de 1975, os Estados Unidos buscaram construir um consenso entre os fornecedores nucleares para colocar o acordo com o Brasil sob as salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), como a França estava fazendo com seu próprio acordo de assistência nuclear com a Coreia do Sul. Havia outros precedentes também.
Os Estados Unidos inseriram uma cláusula em seus acordos com Egito e Israel exigindo que as salvaguardas fossem aplicadas a todas as instalações nucleares no Estado receptor e que os fornecedores consentissem antes que um Estado receptor pudesse enriquecer, reprocessar, construir ou armazenar materiais que poderiam ser usados em armas nucleares.
Autoridades dos EUA também queriam que a RFA colocasse controles adicionais sobre materiais sensíveis em seu acordo de tecnologia nuclear com o Irã. O governo da Alemanha Ocidental resistiu à ideia de controles adicionais e negociou um projeto de tratado com o Brasil em segredo.
Mesmo que os negociadores nucleares dos EUA estivessem cientes de que as negociações estavam evoluindo e preocupados com a direção geral do acordo, Kissinger manteve a questão fora da agenda em suas conversas com o chanceler Helmut Schmidt. Kissinger também manteve silêncio sobre o assunto em suas conversas com autoridades brasileiras, e coube ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Azeredo da Silveira, trazer o assunto à tona na coletiva de imprensa que deu após se encontrar com Kissinger em maio de 1975.
A cooperação nuclear com a RFA, disse ele, tinha apenas propósitos pacíficos, e o Brasil cumpriria seus compromissos bilaterais de salvaguardas. Nos círculos políticos de Washington, a suspeita sobre os verdadeiros propósitos do tratado era generalizada. Afinal, o Brasil era um crítico ferrenho do TNP e se recusou a se tornar signatário.
Diplomatas brasileiros defenderam a legalidade dos PNEs. A Alemanha Ocidental, por sua vez, ratificou o TNP em 2 de maio de 1975, mas somente depois de muita hesitação e contra a contínua relutância dos partidos conservadores.
Política de Acomodação da Kissinger:
Um relatório semanal publicado pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) em junho de 1975 declarou: "A intenção do Brasil de se tornar uma potência nuclear representa um desafio fundamental para as relações tradicionalmente amigáveis entre os EUA e o Brasil".
De acordo com a agência, o Brasil pode tentar usar sua cooperação com a Alemanha Ocidental para desviar tecnologias para usos não-pacíficos. Kissinger discordou. De sua perspectiva, o Brasil e a RFA agiram de boa-fé, estabelecendo que todas as atividades de assistência conduzidas por meio do acordo operariam sob salvaguardas bilaterais e sob um acordo especial de salvaguardas entre o Brasil, a Alemanha Ocidental e a AIEA, assinado em fevereiro de 1976. Para todos os efeitos práticos, isso significava que, mesmo que o Brasil não fosse signatário do TNP, suas atividades com a RFA seriam regidas pela estrutura de salvaguardas que normalmente se aplicava aos membros do tratado.
O maior desafio para a tese de Kissinger veio do Congresso dos EUA. O senador John Pastore, presidente do Comitê Especial de Energia Atômica, queria que o governo pressionasse pelo adiamento do acordo entre a Alemanha Ocidental e o Brasil "até que um sistema adequado de controles relativos à fabricação de armas nucleares seja estabelecido". Ele instou o presidente Gerald Ford e o secretário Kissinger a bloquear qualquer fornecimento de reatores nucleares e instalações de enriquecimento ao Brasil que "possam contribuir para a fabricação de uma bomba atômica se [o Brasil] assim o desejar".
As objeções de Pastore foram feitas em um contexto de maior influência e autoridade do Congresso sobre os regulamentos do comércio nuclear. Pastore estava atrapalhando a política de acomodação de Kissinger ao chamar a atenção para a questão das ambições nucleares brasileiras e ao expandir o papel do poder legislativo.
A imprensa ecoou a visão de que o novo acordo nuclear era perigoso. O Washington Post insistiu que o acordo nuclear "pode e deve ser modificado".
De acordo com um relatório, funcionários da ACDA estavam preocupados que o Brasil pudesse tentar adquirir capacidades de fabricação de bombas. O New York Times publicou um editorial intitulado "Loucura Nuclear", condenando o acordo como "um movimento imprudente que poderia desencadear uma corrida armamentista nuclear na América Latina, desencadear o armamento nuclear de meia dúzia de nações em outros lugares e colocar em risco a segurança dos Estados Unidos e do mundo como um todo. "
Kissinger ficou lívido:
Não somos uma agência de não-proliferação. Antes de sairmos por aí tentando interromper as vendas para os principais países e depois vazar para os jornais, eles têm o direito de ser informados de nós. A maneira lógica de começar teria sido com os brasileiros e ver se eles estão dispostos a aceitar algumas salvaguardas.

Ele instruiu seus conselheiros a transmitir ao Brasil que foi "o ramo missionário do Departamento que começou isso" e, mais tarde, pediu desculpas pessoalmente aos seus colegas brasileiros.
O embaixador dos EUA em Brasília seguiu o exemplo, dizendo ao ministro das Relações Exteriores Silveira que as reportagens da imprensa não refletiam a posição oficial do governo. Kissinger discutiu o assunto com o presidente Ford: "Isso é uma verdadeira bagunça. Nós vazamos por toda parte, temos um problema com a Alemanha [Ocidental] e temos um problema com o Brasil. E o Congresso está chateado. Mas não temos absolutamente nenhum controle sobre isso".
O que o governo Ford podia controlar era a mensagem que transmitia à RFA e ao Brasil. Em uma conversa com o presidente da Alemanha Ocidental, Walter Scheel, e o ministro das Relações Exteriores, Hans-Dietrich Genscher, em 16 de junho de 1975, o presidente Ford deixou clara sua atitude, evitando completamente a questão nuclear, enquanto o secretário de Estado "essencialmente concordou em discordar, nem endossando o tratado do Brasil nem continuando a fazer dele uma questão".
O senador dos EUA Walter Mondale criticou Kissinger, pedindo uma "moratória imediata sobre a transferência de tecnologia e instalações de enriquecimento e reprocessamento". Mas em 27 de junho de 1975, o Brasil e a RFA finalmente assinaram o acordo.
De volta a Brasília, um memorando interno informava que "a adesão do Brasil à era nuclear – conduzida nos termos da grandeza ... contribuirá para cumprir nosso acesso à categoria de [países desenvolvidos.] ... Nuclearização pacífica ... transformará o status internacional do Brasil".
O acordo foi uma conquista impressionante. Aqui estava um acordo entre um membro do TNP e um não-membro do TNP que fechou explicitamente as brechas que existiam anteriormente no caso da Índia. (O acordo da RFA com o Brasil proibiu a transferência desprotegida de reatores, tecnologias e materiais).
Os observadores também ficaram surpresos com o tamanho do negócio. O Brasil compraria até oito reatores nucleares, financiaria a criação de joint ventures binacionais para promover uma indústria nuclear nativa em território brasileiro e receberia assistência em tecnologias de enriquecimento de urânio e reprocessamento de combustível usado.
A maior venda de tecnologia já feita de um país industrializado para um estado industrializado no mundo em desenvolvimento, o acordo prometia resgatar a indústria nuclear da Alemanha Ocidental dos problemas financeiros que enfrentava.

A agência de notícias soviética TASS chamou o acordo de "precedente perigoso", e Moscou defendeu a salvaguarda de todos os equipamentos que o Brasil poderia eventualmente desenvolver por meio da assistência da Alemanha Ocidental.
Em uma reunião com Kissinger, o ministro das Relações Exteriores soviético, Andrei Gromyko, expressou preocupação "de que o Brasil esteja no caminho da produção de armas nucleares e queira usar a ajuda fornecida pela Alemanha Ocidental ... Aliás, a Alemanha [Ocidental] é parte do TNP, mas o Brasil não." Kissinger retrucou que sim:
Não acredito que o Brasil tenha decidido construir armas nucleares, mas este acordo cria a possibilidade e estamos preocupados com o futuro. Quando um ciclo completo de combustível é fornecido, ele oferece a possibilidade de obter combustível. Mas estamos preocupados e expressamos nossa preocupação publicamente.

A comunidade internacional, acrescentou Kissinger, teria uma palavra a dizer na aceitação do acordo de salvaguarda. Se nenhuma solução multilateral surgir, disse ele, então Washington e Moscou devem "trocar pontos de vista bilateralmente".
Também no Brasil, muitas críticas surgiram. Tanto a Sociedade Brasileira de Física quanto a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – dois órgãos influentes que tinham a capacidade de moldar o debate público – questionaram a escolha do urânio enriquecido como combustível para futuros reatores, dada a imprevisibilidade e a falta de confiabilidade das futuras importações de combustíveis do exterior. Eles argumentaram que uma escolha mais adequada seriam os reatores movidos a urânio natural, que o Brasil possuía em grandes quantidades. Muitos cientistas também questionaram a utilidade de lançar um ambicioso programa nuclear para a produção de energia, dado o potencial hidrelétrico do país.
Além disso, vozes proeminentes da comunidade científica, como o físico nuclear José Goldemberg, da Universidade de São Paulo, alertaram as autoridades sobre os riscos inerentes à aceitação da oferta de assistência da Alemanha Ocidental com o bico de jato. Embora Bonn e Brasília tenham assinado o acordo, muitas pontas soltas permaneceram que exigiram negociação adicional. As duas partes ainda não haviam definido os termos de propriedade e operação da usina de reprocessamento que planejavam construir (a proposta brasileira era colocar a usina piloto de reprocessamento sob a autoridade da Nuclebrás, com a Alemanha Ocidental retendo 25% do investimento), e ainda não haviam definido a natureza e o escopo das salvaguardas com a AIEA.
O ministro brasileiro de Minas e Energia, Shigeaki Ueki, disse ao vice-secretário de Estado dos EUA, Charles Robinson, que o acordo nuclear com a Alemanha Ocidental "não era tão bom" e que o Brasil estava interessado em explorar pesquisa e desenvolvimento com os Estados Unidos em um reator refrigerado a gás de alta temperatura. O Brasil também queria comprar um reator de reprodução rápida dos Estados Unidos. Ueki também disse a Robinson que, se os Estados Unidos não fornecessem serviços de enriquecimento, o Brasil não teria escolha a não ser buscar contratos com a URENCO, Eurodif ou mesmo com a União Soviética.
A embaixada dos EUA em Brasília estimou que as declarações do ministro sobre a União Soviética foram um blefe, dadas as sensibilidades da Guerra Fria no regime. De fato, quando Carlos Syllus Pinto, da Nuclebrás, contatou seus colegas soviéticos para discutir um possível contrato para a aquisição de urânio pouco enriquecido, tanto o ministro Ueki quanto o presidente Geisel o rejeitaram, proibindo novas negociações com Moscou. Mas, o Brasil continuou interessado em expandir sua rede de acordos nucleares, e as dificuldades inerentes à implementação do acordo com a Alemanha Ocidental forneceram motivos adicionais para buscar novos fornecedores em ritmo acelerado.

Robinson estava ciente de quão sensível a questão da política nuclear brasileira havia se tornado em Washington. Ele respondeu às propostas brasileiras tranquilizando seus colegas de que os Estados Unidos não pressionariam o Brasil e a RFA a estabelecer controles mais rígidos por seus próprios interesses comerciais nacionais.
Em vez disso, Robinson insistiu, os Estados Unidos foram motivados por "razões da mais alta política", acrescentando que quaisquer questões nucleares devem ser discutidas apenas por meio de canais diplomáticos oficiais. Dado o quão longe países como Japão, Coréia do Sul e Brasil pareciam dispostos a ir em sua busca por combustível nuclear, o Departamento de Estado em setembro de 1975 divulgou uma proposta pela qual centros multinacionais de reprocessamento de combustível gasto forneceriam combustível para países selecionados ao redor do mundo, na esperança de que tal esforço reduzisse a ameaça de proliferação (evitando assim outra Índia). A AIEA preparou um estudo para um "centro regional" com sede no Brasil na América do Sul, mas a iniciativa nunca ganhou força.
De novembro de 1975 a março de 1976, a AIEA em Viena viu negociações frenéticas sobre os termos de um projeto de acordo trilateral com o Brasil e a RFA. Autoridades americanas estavam pressionando os alemães ocidentais a concordar em relatar à AIEA sobre quaisquer transferências de materiais para o Brasil. Os brasileiros estavam defendendo um modelo pelo qual a AIEA salvaguardaria e inspecionaria todas as tecnologias transferidas da Alemanha Ocidental para o Brasil, mas não aplicaria nenhuma salvaguarda às instalações nacionais ou tecnologias desenvolvidas nacionalmente. Sob crescente pressão de Bonn e Washington, o governo brasileiro tentou conseguir um assento no London Club (um convite para ingressar que nunca chegou).
Quando a Alemanha Ocidental e o Brasil enviaram o projeto de acordo trilateral a Viena para aprovação em janeiro de 1976, ele provou ser um texto notável: foi o primeiro acordo a aplicar salvaguardas de enriquecimento de urânio a um país que não fazia parte do TNP, bem como o primeiro acordo a vincular a AIEA a um signatário do TNP sem armas e um estado não pertencente ao TNP.
Os brasileiros conseguiram o que queriam. As instalações nativas - ou seja, instalações construídas fora do alcance do acordo - não seriam salvaguardadas ou inspecionadas pela AIEA.
A votação em Viena para aprovar o acordo de salvaguardas foi marcada para 24 de fevereiro de 1976, e o Brasil e a Alemanha Ocidental sabiam que precisavam do apoio dos EUA para aprová-lo. Garantir o apoio ao Brasil de outros países em desenvolvimento seria relativamente fácil, mas havia um risco real de que a União Soviética, ao lado dos Estados Unidos, solicitasse às partes que fizessem o texto estar em conformidade com as novas diretrizes para exportações nucleares estabelecidas no Clube de Londres um mês antes, ou que o Conselho de Governadores da AIEA adiasse a votação.
No período que antecedeu a data crucial, duas visões conflitantes surgiram dentro da administração Ford. O Departamento de Estado e a ACDA foram contra a aprovação, enquanto o enviado dos EUA à AIEA foi a favor.
O conselheiro de Segurança Nacional Brent Scowcroft queria adiar qualquer consideração do acordo, sugerindo, em vez disso, que as negociações exploratórias discretas com o Brasil começassem a examinar salvaguardas mais rígidas. Scowcroft temia que, a menos que fortes restrições à proliferação fossem impostas, o governo Ford enfrentaria problemas no Congresso.
No entanto, na véspera das conversas de Kissinger com os brasileiros, um relatório interagências recomendou que ele apoiasse o acordo trilateral quando ele chegasse ao plenário em Viena. Mesmo que a União Soviética quisesse adiar a votação, os Estados Unidos não deveriam correr o risco de minar suas próprias relações com os brasileiros e alemães ocidentais. O relatório enfatizou que os delegados britânicos em Viena adotam a mesma linha. O presidente Ford também sugeriu que os Estados Unidos deveriam retomar as negociações para um possível acordo nuclear bilateral com o Brasil.
Para eliminar quaisquer dúvidas sobre a posição dos EUA, Kissinger viajou para o Brasil em fevereiro de 1976. No primeiro conjunto de conversas que teve com seus anfitriões, ele garantiu o apoio dos EUA ao acordo Brasil-Alemanha Ocidental AIEA "sem reservas".
Com o apoio dos EUA, o conselho da AIEA aprovou o acordo em 26 de fevereiro de 1976 (a França, que estava negociando seu próprio acordo de salvaguarda com o Paquistão, votou contra). Kissinger disse ao representante dos EUA em Viena que a aprovação do acordo era necessária para restabelecer um clima de confiança mútua entre os Estados Unidos e o Brasil. A aprovação "não implicava necessariamente a aprovação dos EUA das transferências às quais o acordo se relacionava", esclareceram diplomatas dos EUA. Mas a relação política geral com o Brasil estava em jogo.
![Flyer[9] da campanha eleitoral de 1976](https://static.wixstatic.com/media/5d8a88_ec9e78df654140b88c89ae111396de46~mv2.png/v1/fill/w_342,h_446,al_c,q_85,enc_avif,quality_auto/5d8a88_ec9e78df654140b88c89ae111396de46~mv2.png)
Campanha de Jimmy Carter
A Casa Branca e o Congresso vinham brigando por uma legislação nuclear desde 1974. O Congresso enfatizou a necessidade de exercer controles mais rígidos sobre as exportações nucleares, principalmente após a explosão na Índia. O senador Abraham Ribicoff (D-CT), um defensor ativo da não-proliferação, sugeriu em março de 1976 que, se países como França e Alemanha Ocidental "não concordassem com políticas de exportação mais rígidas, os Estados Unidos deveriam aplicar pressão retendo o combustível do reator deles". Quatro meses depois, a emenda Symington à Lei de Assistência à Segurança Internacional e Controle de Exportação de Armas de 1976 restringiu a assistência econômica e militar dos EUA a qualquer país que fornecesse ou recebesse equipamentos, materiais ou tecnologia de enriquecimento ou reprocessamento nuclear, a menos que o fornecedor e o destinatário concordassem em aceitar as salvaguardas da AIEA sobre tudo o que fosse transferido e sobre todos os combustíveis e instalações nucleares no país receptor.
Assim, a margem de manobra do governo para envolver o Brasil estava se estreitando. Para complicar ainda mais as coisas, o governo enfrentou críticas crescentes no Congresso, onde os democratas criticaram duramente os abusos dos direitos humanos perpetrados pelos militares no poder no Brasil. Em meados de 1976, Carter transformou o acordo com o Brasil em uma questão de campanha. Em seu primeiro discurso de campanha sobre a América Latina, ele se referiu à política de Kissinger de engajamento com o Brasil como imprudente e, em uma longa entrevista à Playboy, resumiu a política como um "tapa na cara do povo americano".
A reação brasileira não foi otimista. O ministro das Relações Exteriores Silveira alertou o presidente Geisel que uma vitória de Carter traria seus próprios riscos para o programa nuclear do Brasil. Kissinger e o ministro das Relações Exteriores da Alemanha Ocidental, Genscher, discutiram como um governo Carter poderia inviabilizar a cooperação entre a Alemanha Ocidental e o Brasil e reverter as políticas de fornecedores nucleares instituídas pelos Estados Unidos durante o governo Ford. Um dos delegados dos EUA disse aos alemães ocidentais: "De acordo com a proposta de Carter, vocês estarão automaticamente sujeitos a sanções por causa do acordo brasileiro".
Em 28 de outubro, poucos dias antes das eleições presidenciais de 1976, Ford emitiu uma nova estratégia de não-proliferação. O presidente apresentou um plano longo e detalhado, usando as recomendações do relatório de Fri[10]:
Não há dúvida de que a energia nuclear representa uma das melhores esperanças para satisfazer a crescente demanda mundial por energia com o mínimo impacto ambiental. Infelizmente – sublinhou o Presidente – o mesmo plutónio produzido nas centrais nucleares pode, quando quimicamente separado, ser também utilizado para fabricar explosivos nucleares.

Para esse fim, Ford propôs "um esforço cooperativo internacional envolvendo muitas nações, incluindo fornecedores e clientes nucleares", nos moldes do London Club. O raciocínio era semelhante ao de Paris em 1975, quando os consumidores de petróleo procuraram encontrar soluções para a crise energética. E Ford também anunciou que, se algum país violar os acordos de salvaguardas, "especialmente o desvio de material nuclear para uso na fabricação de explosivos", os Estados Unidos responderão "no mínimo" cortando imediatamente seus embarques de combustível nuclear. Ele declarou que os Estados Unidos aplicariam padrões mais rígidos às exportações nucleares, limitando-as, exceto em casos raros, a países que assinaram o TNP ou aceitaram salvaguardas de escopo total.
As autoridades brasileiras temiam que o novo clima político em Washington complicasse a capacidade da RFA de implementar o acordo nuclear e começaram a contemplar duas opções. Primeiro, "acelerar os projetos nacionais de enriquecimento e reprocessamento (se possível com expatriados naturalizados da Alemanha Ocidental), ou considerar a possibilidade de [desenvolver] reatores naturais de urânio [que não criariam dependência das importações de urânio enriquecido]". A segunda opção era intensificar a batalha diplomática contra a ofensiva de Carter. O Brasil poderia tentar reunir o apoio de outros países que temiam uma nova era de restrições nucleares. Não se sabe com que seriedade e até que ponto os governantes militares do Brasil discutiram essas opções. Independentemente disso, eles não tiveram chance de reagir porque o governo Ford aproveitou a oportunidade do período de transição anterior à posse de Carter para dar mais uma chance à negociação com o Brasil.
Transição presidencial na Casa Branca:
Os fornecedores nucleares estavam programados para se reunir em meados de novembro de 1976. Kissinger e a equipe de transição de Carter concordaram que a "chave para o progresso é a persuasão e não a coerção de nossos parceiros nucleares" (por exemplo, França e Alemanha Ocidental). Para "maximizar ... a confiança" dos envolvidos, os Estados Unidos também recuaram na política anterior de suspender futuros contratos de fornecimento.
O diretor de planejamento de políticas, Winston Lord, queria que países como o Brasil "dependessem de serviços do ciclo do combustível em vez da tecnologia que pode ser usada para opções de armas". Em vez de impor soluções, os Estados Unidos deveriam incentivar o comportamento responsável por parte dos principais fornecedores.
Nesse ínterim, Kissinger iniciou negociações para convencer a França a não transferir nenhuma tecnologia nuclear para o Paquistão. Em troca, a Alemanha Ocidental se comprometeria a não seguir em frente com os elementos mais sensíveis do acordo com o Brasil. Essas negociações começaram em 1975 e, um ano depois, estavam ganhando força rapidamente. De acordo com a avaliação dos EUA, a RFA "apreensivamente [começou] a sentir" que, se a França mordesse a isca em relação ao seu acordo com o Paquistão, a Alemanha Ocidental teria que seguir o exemplo em relação ao Brasil.
O Departamento de Estado negociou diretamente com a França, o Paquistão, a RFA e o Brasil de novembro de 1976 até a posse de Carter em janeiro de 1977. O coordenador dos esforços dos EUA foi o vice-secretário de Estado Robinson, que veio supervisionar um "grupo nuclear" em Foggy Bottom. Em vez de insistir em uma moratória sobre as vendas, como Carter havia defendido durante a campanha, o governo Ford se propôs a se envolver em negociações diretas com o Paquistão e o Brasil, tratando-as "bilateralmente, confidencialmente e em alto nível político".
Em novembro, os Estados Unidos se ofereceram para fornecer assistência econômica e combustível nuclear se o Brasil concordasse em não adquirir tecnologias sensíveis da RFA. Ao tranquilizar o Brasil de que os Estados Unidos honrariam o fornecimento de combustível nuclear, afinal, o Departamento de Estado estava efetivamente revertendo a decisão tomada em Washington em agosto de 1974.
Os brasileiros sentiram a pressão, especialmente porque havia rumores de que a RFA poderia renunciar ao negócio e os holandeses haviam lançado uma campanha para cancelar os serviços de enriquecimento da URENCO (crucial para abastecer as usinas brasileiras).
Portanto, o governo brasileiro acomodou as demandas de Washington dizendo às autoridades americanas que o "cancelamento total" seria muito difícil do ponto de vista político. Mas, eles sinalizaram que "algum arranjo para uma moratória sobre este acordo pode ser uma solução aceitável". A mudança de curso do Brasil foi uma grande vitória para a equipe dos EUA, que pediu a Kissinger que informasse Carter sobre o status das conversas "com o objetivo de conscientizá-lo de que as ameaças públicas só podem servir para endurecer as posições políticas franco-paquistanesas e alemãs brasileiras".
Em dezembro de 1976, os Estados Unidos também garantiram o compromisso do primeiro-ministro paquistanês Zulfikar Ali Bhutto de um adiamento indefinido do acordo nuclear com a França (em troca da aprovação dos EUA das vendas de aeronaves A-7 para o Paquistão).

As negociações com o Brasil seguiram duas vias: uma sendo oficial, e aos olhos do público, a outra privada e secreta. A esperança de Washington era que os emissários pudessem garantir um acordo informalmente antes do início das negociações diplomáticas oficiais.
Em 28 de dezembro de 1976, Seymour Rubin, jurista norte-americano que colaborou com os governos democratas da década de 1940 até a década de 1960 e era pessoalmente próximo de Carter, voou para Brasília para se encontrar com o general Golbery do Couto e Silva, chefe da Casa Civil e braço direito do presidente brasileiro. Rubin viajou como emissário particular de Ford e Carter, e suas reuniões com os brasileiros foram mantidas em segredo (até mesmo do ministro das Relações Exteriores do Brasil). Rubin pediu uma moratória brasileira sobre as compras de tecnologias de reprocessamento e enriquecimento em troca de um compromisso dos EUA de fornecer reatores e combustível nuclear.
Couto e Silva reagiu positivamente, mas adiou a palavra final para o presidente Geisel. No início de janeiro de 1977, Robinson viajou para Brasília para novas conversas, agora com o próprio presidente Geisel, e eles concordaram em realizar negociações confidenciais adicionais sobre detalhes. Geisel insistiu que o acordo informal fosse mantido em segredo até que seus termos finais fossem resolvidos. Isso era compreensível, na medida em que as autoridades brasileiras estavam cada vez mais preocupadas com uma possível ação do Congresso (com o apoio do novo governo Carter) contra o programa nuclear brasileiro. Geisel também era altamente sensível à questão nuclear por suas próprias razões domésticas. Tendo se comprometido a liberalizar ainda mais o sistema autoritário, ele manteve a esperança de eventualmente devolver o poder a um governo civil.
Para esse fim, ele teve que manter os linhas-duras nas forças armadas sob controle. Divulgações públicas de conversas secretas com os Estados Unidos sobre o potencial abandono dos planos nucleares do Brasil podem ser desastrosas para sua própria imagem e posição entre as forças armadas.
A reunião secreta revela um novo lado de Geisel, que normalmente é retratado como fundamentalmente antiamericano. Enfrentando uma taxa de inflação de 45% ao ano e lutando com uma grande recessão econômica, ele estava em um humor pragmático. Ele também estava recebendo informações de que a RFA poderia optar por aplacar as políticas de não-proliferação do novo presidente dos EUA, rescindindo o acordo com o Brasil. Em 7 de janeiro de 1977, Robinson resumiu o estado de coisas para Kissinger:
Fizemos progressos significativos com o Paquistão, França, Alemanha Ocidental e Brasil no avanço de nossos objetivos de não-proliferação. Estamos agora em um ponto em que podemos dar mais passos significativos ... A abordagem subjacente a todos esses casos envolve induzir as partes a aceitar o adiamento indefinido de projetos nucleares sensíveis em troca de fornecimento nuclear garantido e serviços de combustível, sob garantias e créditos dos EUA, se desejado. O objetivo é não colocar nenhuma das partes em desvantagem econômica e atender plenamente às suas necessidades energéticas.

O desafio era trazer os alemães ocidentais a bordo. Para isso, era fundamental trazer o novo secretário de Estado Cyrus Vance para o circuito, ele era quem teria que aprovar a decisão "de mover nossa investigação brasileira para os canais oficiais".
Embora Kissinger achasse que qualquer movimento sério "deveria agora esperar pelo dia 20 [de janeiro]", Vance foi em frente e aprovou a proposta. O Brasil estava no centro da conversa entre Lord, Robinson, George Vest (chefe de assuntos político-militares do Departamento de Estado) e dois novos funcionários do governo Carter, Joseph Nye (vice-secretário de Estado para assistência de segurança, ciência e tecnologia e presidente do Grupo do Conselho de Segurança Nacional sobre Não Proliferação de Armas Nucleares) e Lucy Benson (vice-secretária de Estado). Nye e Benson ficaram "surpresos e extremamente satisfeitos com o progresso feito", dando crédito à noção de que o governo Ford havia criado uma estrutura para o diálogo de não-proliferação nuclear que o governo Carter poderia levar adiante.
Nesse ínterim, os brasileiros concordaram em receber um emissário oficial do governo Carter para negociar os termos do acordo, mantendo as negociações privadas até o final de fevereiro.
Rubin chegou ao Brasil em 19 de janeiro de 1977 para uma nova rodada de conversas com Couto e Silva, que insistiu em manter as negociações secretas não oficiais por enquanto e nomeou o embaixador aposentado Vasco Leitão da Cunha como representante brasileiro. Leitão da Cunha serviu como embaixador nos Estados Unidos e como ministro das Relações Exteriores na junta militar que assumiu o poder em 1964, e desfrutou de bons laços pessoais com Lincoln Gordon (que serviu como embaixador dos EUA no Brasil durante o golpe de 1964) e Rubin.
Os brasileiros, no entanto, estavam lentamente trazendo mais de seus próprios participantes a bordo, à medida que o ministro das Relações Exteriores Silveira se tornava a par da missão de Rubin. Em reunião privada a 25 de janeiro, Rubin confirmou o apoio da nova administração ao plano de ação de dezembro anterior e concordou também em reunir-se com Leitão da Cunha nos dias subsequentes.
Mas, quando as discussões começaram, qualquer sentimento de confiança entre os dois lados foi abalado por um comentário não oficial que Nye fez à imprensa dos EUA no sentido de que as negociações estavam em andamento para persuadir a 28 Alemanha Ocidental a interromper todas as transferências de tecnologia para enriquecimento e reprocessamento para o Brasil, em troca de uma garantia nas entregas de combustível dos EUA.
Os brasileiros ficaram furiosos. O embaixador dos EUA alertou Vance sobre os danos do vazamento de Nye. Ainda assim, as negociações continuaram avançando. Durante uma reunião final com Rubin no Rio de Janeiro, Leitão da Cunha declarou que o Brasil não era o Paquistão (ou seja, o programa nuclear brasileiro tinha intenções pacíficas exclusivamente) e que o governo brasileiro queria evitar a ação do Congresso dos EUA contra seus planos nucleares.
Em poucos dias, no entanto, o tênue entendimento entre os Estados Unidos e o Brasil ficou sob pressão adicional. O presidente Carter enviou o vice-presidente Mondale a Bonn para informar o governo da Alemanha Ocidental em particular que os Estados Unidos se opunham "inalteravelmente" a qualquer transferência nuclear para o Brasil.
Quando os brasileiros souberam que o novo governo estava pressionando Bonn para cancelar o acordo entre a Alemanha Ocidental e o Brasil sem envolver o próprio Brasil nas conversas, eles novamente mostraram raiva. Eles concordaram em abrir outro "canal silencioso" com um emissário dos EUA para mais conversas. No entanto, as negociações entre os Estados Unidos e o Brasil sobre a questão nuclear se desfizeram definitivamente quando o Departamento de Estado dos EUA circulou um comunicado à imprensa alegando que os brasileiros haviam concordado em renegociar o acordo nuclear. Na realidade, eles não haviam concordado com tal coisa - pelo menos não oficialmente ou em público. Hermes, o arquiteto da Alemanha Ocidental do acordo nuclear, disse aos brasileiros que a RFA manteria o acordo vivo e garantiria o fornecimento de combustível para as usinas brasileiras. Em meados de fevereiro, Leitão da Cunha se reuniu com emissários dos EUA e os informou que o Brasil não estava mais interessado em negociações. O Brasil se envolveria em questões gerais de não proliferação global com os Estados Unidos, mas se recusou a discutir seu próprio programa nuclear.
O presidente Geisel disse a seus assessores que nenhum diplomata brasileiro deveria discutir ou mesmo mencionar o programa nuclear em conversas com a equipe de não-proliferação dos EUA que estava programada para voar para Brasília nas semanas subsequentes. Sem surpresa, as reuniões entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro e o vice-secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, em março de 1977, não deram em nada. As duas delegações conversaram uma com a outra. Os brasileiros afirmaram claramente que a viagem de Christopher era inútil e, portanto, deveria ser interrompida. Embora a questão nuclear continue sendo a preocupação dominante para ambos os lados, os Estados Unidos também esperavam usar a viagem para pressionar o histórico do regime brasileiro de graves violações dos direitos humanos, incluindo tortura, assassinatos e exílio forçado. Qualquer que fosse o espaço para acomodação que existisse, agora ele desapareceu, levando a acrimônia e atrito duradouro entre os dois países - bem como entre os Estados Unidos e a Alemanha Ocidental - sobre as exportações nucleares sensíveis para o Brasil.
Mesmo que as autoridades americanas passassem a ver cada vez mais o Brasil como um risco de proliferação nuclear, elas procuravam continuar sendo o principal fornecedor de tecnologias sensíveis e manter o Brasil como um importante aliado político e diplomático na Guerra Fria latino-americana.
No entanto, as administrações Nixon e Ford, e Kissinger em particular, falharam nesse aspecto. A expansão do regime global de não-proliferação e a mudança que ele trouxe para o governo dos EUA, juntamente com a crescente resistência dentro do sistema político dos EUA a qualquer política de aproximação com governos ditatoriais no mundo em desenvolvimento, complicaram a atitude de Kissinger de acomodação em relação ao Brasil. À medida que a postura nuclear brasileira se tornava cada vez mais ligada ao orgulho nacional, Kissinger tentava evitar o confronto aberto. Ele entendeu que seu próprio projeto geopolítico sofreria se perdesse seu principal parceiro na América do Sul, e estava plenamente ciente de que uma ruptura entre os Estados Unidos e o Brasil poderia beneficiar outros fornecedores de tecnologia, como a Alemanha Ocidental.
Kissinger tentou, mas não conseguiu, garantir que a equipe de transição presidencial sob Carter chegasse a um acordo para preservar as conexões políticas e comerciais que os governos Nixon e Ford se propuseram a construir e manter com o Brasil. Kissinger optou por suspender a oposição aberta ao acordo nuclear Brasil Alemanha Ocidental de 1975 para evitar alienar o governo brasileiro, ao mesmo tempo em que buscava um compromisso formal do Brasil de renunciar a tecnologias sensíveis e instava a RFA a impor uma moratória à exportação de tecnologias de reprocessamento para o Brasil.
Quando Carter assumiu, tanto a Casa Branca quanto o Departamento de Estado se transformaram nas "agências de não-proliferação" contra as quais Kissinger havia alertado. Em um ano, o regime brasileiro autorizou o início de um programa secreto para enriquecer urânio fora de quaisquer salvaguardas internacionais atingindo capacidade comercial de produção a partir de 2004.

Em 2004, o Brasil começou a produzir urânio enriquecido em escala industrial para as usinas nucleares de Angra 1 e 2. O anúncio foi feito pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, no Rio de Janeiro[11].
Processos de enriquecimento de urânio:
O processo de enriquecimento de urânio no Brasil é feito por centrifugação. A substância UF6 é colocada em forma gasosa num cilindro que gira em alta velocidade. As moléculas do isótopo 238U, mais pesado, se posicionam na periferia do cilindro.
Tecnologia de enriquecimento de urânio:
A tecnologia de enriquecimento isotópico de urânio é 100% nacional, desenvolvida pela Marinha do Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
[1] Vice-presidente do Brasil Grande -Articulista, tradutor, entusiasta da geopolítica...
[2] Disponível em: https://direct.mit.edu/jcws/article/22/2/58/95278/We-Are-Not-a-Nonproliferation Agency-Henry
[3] © 2020 by the President and Fellows of Harvard College and the Massachusetts Institute of Technology
[4] Framatome - empresa francesa de reatores nucleares . De propriedade da Électricité de France (EDF) (80,5%) e da Mitsubishi Heavy Industries (19,5%). Criada em 1958 para licenciar os projetos de reator de água pressurizada (PWR) da Westinghouse para uso na França. Em 2001, a Siemens vendeu seu negócio de reatores para a Framatome. Como parte de uma série maior de fusões com a Cogema e a Technicatome, a Framatome se tornou a divisão Areva NP da nova Areva . Ela mudou seu nome de volta para Framatome em 2018 após um grande investimento da operadora de serviços públicos. Atualmente a Framatome fornece todo o ciclo de vida do reator, incluindo o projeto do Reator Pressurizado Europeu (EPR), construção, gerenciamento de combustível e muitas tarefas relacionadas.
[5] Empreendimento conjunto, ou empresa conjunta do inglês: joint venture; aventura conjunta, ou ainda união de riscos e risco em conjunto. Um modelo estratégico de parceria comercial ou aliança entre empresas, visando desde uma simples colaboração para fins comerciais e/ou tecnológicos até a fusão de sociedades em uma única empresa, não implicando a perda da identidade e individualidade como pessoas jurídicas das participantes. É uma forma associativa sui generis, sem uma precisa definição legal no ordenamento jurídico brasileiro, contudo sendo jurisprudencialmente reconhecida.
[6] Diz-se de linhagem, de árvore genealógica, neste caso entende-se por “boa origem”, de “boa linhagem”, que traz segurança ao negócio.
[7] Nome convencionalmente dado para o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares na América Latina e o Caribe. Ele é incorporado no Organismo para a Proscrição das Armas Nucleares na América Latina e no Caribe (OPANAL). No encontro, no bairro de Tlatelolco, na Cidade do México, em 14 de Fevereiro de 1967, as nações da América Latina e do Caribe rascunharam esse tratado para manter essa região do mundo livre de armas nucleares. A Antártica já havia sido declarada uma Zona Livre de Armas Nucleares sob o Tratado Antártico de 1961, e essa foi a primeira vez que tal banimento foi posto em prática em uma área tão vasta e populosa. O Tratado entrou em vigor em 22 de Abril de 1968, e foi assinado e ratificado por todas as 33 nações da América Latina e do Caribe. O Brasil assinou o tratado em 9 de maio de 1967, obteve a aprovação do congresso em 30 de novembro de 1967, por meio do Decreto Legislativo nº 50, e depositou seu instrumento de ratificação em 29 de janeiro de 1968. DECRETO No 1.246, DE 16 DE SETEMBRO DE 1994. Cuba foi o último país a ratificá-lo, em 23 de outubro de 2002.
[8] Tlatelolco foi uma tribo que deu o nome à sua cidade asteca na Cidade do México, anexa à Praça das Três Culturas, a famosa praça onde ocorreu o massacre de Tlatelolco.- Wikimedia Commons.
[9] Tipo de material impresso ou digital usado para divulgar informações, produtos, serviços, eventos, promoções, entre outros. É uma ferramenta de marketing muito utilizada para promover empresas, palestras, lançamentos de produtos, campanhas eleitorais, serviços, entre outros.
[10] The nuclear group, which actively supported implementation of the Fri Review, consisted of George Vest (political-military affairs), Lou Nosenzo and Gerald Oplinger, Jerome Kahan and Jan Kalicki (policy planning), and Myron Kratzer (oceans, environment, and science).
[11] Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0610200303.htm
Referências bibliográficas:
Notes - For some recent work, see Carlo Patti, “The Origins of the Brazilian Nuclear Programme (1951–1955),” Cold War History, Vol. 15, No. 3 (2015), pp. 353–373; Carlo Patti, O programa nuclear brasileiro: Uma história oral (Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas [FGV], 2015), p. 270; Matias Spektor, “The Evolution of Brazil's Nuclear Intention,” The Nonproliferation Review, Vol. 23, No. 5–6 (2016), pp. 635–652; and the website of the Nuclear Proliferation International History Project at the Woodrow Wilson Center for International Scholars. The authors of this article are currently exploring the history of the Brazilian nuclear program and will publish new work on this and on Brazil's attitude toward the nuclear nonproliferation regime.
- On the growing challenge to the West, see Kai Alderson and Andrew Hurrell, eds., Hedley Bull on International Society (London: Palgrave Macmillan, 2000). For a broader discussion of the tension between alliance politics and postcolonial politics, see Odd Arne Westad, The Global Cold War (Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2005). For a recent assessment of North-South tensions, see Giuliano Garavini, After Empires: European Integration, Decolonization and the Challenge from the Global South, 1957–1986 (New York: Oxford University Press, 2012). - Matias Spektor, Kissinger e o Brasil (Rio de Janeiro: Zahar, 2009); and Tanya Harmer, “Brazil's Cold War in the Southern Cone, 1970–1975,” Cold War History, Vol. 4, No. 4 (2012), pp. 659–681.
- For a recent summary of existing literatures on the issue of the gas centrifuge, see Patti, “The Origins of the Brazilian Nuclear Programme”; and William Burr, “The ‘Labors of Atlas, Sisyphus, or Hercules’? U.S. Gas-Centrifuge Policy and Diplomacy, 1954 60,” International History Review, Vol 37, No. 3 (2015), pp. 431–457.
- For a general evaluation of the Nixon-Kissinger attitude toward the NPT, see Michael J. Brenner, Nuclear Power and Non-Proliferation: The Re-Making of the U.S. Policy (New York: Cambridge University Press, 1981), p. 324; Francis J. Gavin, “Nuclear Nixon: Ironies, Puzzles, and the Triumph of Realpolitik,” in Fredrik Logevall and Andrew Preston, eds., Nixon in the World: American Foreign Relations, 1969–1977 (Oxford, UK: Oxford University Press, 2008), pp. 126–145; Shane J. Maddock, Nuclear Apartheid: The Quest for American Atomic Supremacy from World War II to the Present (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2010), p. 416; James Cameron and Or Rabinowitz, “Eight Lost Years? Nixon, Ford, Kissinger and the Non Proliferation Regime, 1969–1977,” Journal of Strategic Studies, Vol. 40, No. 6 (2016), pp. 1–28; William Burr, “A Scheme of ‘Control’: The United States and the Origins of the Nuclear Suppliers’ Group, 1974–1976,” International History Review, Vol. 36, No. 2 (2014), pp. 252–276; and William Burr and Jeffrey Kimball, Nixon's Nuclear Specter: The Secret Alert of 1969, Madman Diplomacy, and the Vietnam War (Lawrence, KS: University Press of Kansas, 2015), p. 448. - William Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties: The U.S.-German Feud over Brazil, 1975–1977,” International History Review, Vol. 34, No. 3 (2012), pp. 449 474.
- For an assessment of U.S. policy toward Argentina, see Jacques Hymans, “Of Gauchos and Gringos: Why Argentina Never Wanted the Bomb, and Why the United States Thought It Did,” Security Studies, Vol. 10, No. 3 (2001), pp. 153–185. For recent work on U.S. policy toward the Iranian nuclear program at the time, see Farzan Sabet, “The Iranian Nuclear Program, U.S Policy, and the Non-Proliferation Regime, 1969 1979,” Ph.D. Diss., Graduate Institute, Geneva, 2017. - Spektor, Kissinger e o Brasil, p. 48. - Secret Memorandum from Henry Kissinger on a meeting between the U.S. President and British Prime Minister Edward Heath, 20 December 1971, in National Archives and Records Administration (NARA), Nixon National Security Council Materials, VIP Visit Boxes 910–954, https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB71/doc15.pdf.
- Emanuel Adler, The Power of Ideology: The Quest for Technological Autonomy in Argentina and Brazil (Oakland, CA: University of California Press, 1987).
- For a discussion of Brazilian plans for nuclear explosions, see Matias Spektor, “Why Brazil Never Built the Bomb?” (paper presented at the Annual Meeting of the Society for Historians of American Foreign Relations, Arlington, VA, 23 June 2017). For an assessment of Brazilian attitudes toward the NPT, see Carlo Patti, “Brazil in the Global Nuclear Order,” Ph.D. Diss., University of Florence, 2012, ch. 2.
- “Proposal for a Study on the Initiation and Development of a National Fuel Cycle and Nuclear Reactor Component Industry in Brazil,” 28 February 1974, in Paulo Nogueira Batista Archive (PNB) at the Centro de Pesquisa e Documentação sobre a História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV), pn a 1975.01.09. President Geisel regularly pointed out the importance of nuclear energy for Brazilian growth, starting with his inauguration speech on 15 March 1974. American Embassy (AmEmbassy) Brasília to Secretary of State (SecState), Confidential, Cable 1974BRASIL01966, 23 March 1974, in Department of State, Central Foreign Policy Files (DOS/CFP). NARA; Exposição de Motivos No. 245/74, Ministério de Minas e Energia (MME), 23 April 1974, cited in Exposição de Motivos No. 055/74, 13 August 1974, in Conselho de Segurança Nacional, Secreto, in Antônio Francisco Azeredo da Silveira Archive (AAS) at CPDOC/FGV, mre pn 1974.08.15, mre/pn (1/661); and Ueki to Geisel, Despacho, 16 April 1974, in Ernesto Geisel Archive (EG), CPDOC/FGV, pr 1974.03.26/2 On the evolution of negotiations with France and West Germany, see Nogueira Batista to Saraiva Guerreiro, Memorandum, DEC/75, Secret, 20 May 1974, in PNB, pn a 1952.07.01. On Kissinger's view of sales to Brazil, see Nogueira Batista to Saraiva Guerreiro, Memorandum, DEC/75, Secret, 20 May 1974, in PNB, pn a 1952.07.01. Kissinger is discussed in Garrett Corporation to the Nuclebrás Superintendent Carlos Syllus Pinto, 24 June 1975, in PNB, pn c 1969.12.01.
- For an assessment of Brazil's evolving position at the time, see Patti, “Brazil in the Global Nuclear Order,” pp. 58–70; Paulo Wrobel, Brazil, the Non-Proliferation Treaty and Latin America as Nuclear Weapon-Free Zone (Brasília: FUNAG, 2017); and Ryan Musto, “‘Keep the Nuclear Beast in a Cage’: Brazil, the United States, and Peaceful Nuclear Explosions under the Treaty of Tlatelolco, 1964–1967” (paper presented at the Annual Meeting of the Society for Historians of American Foreign Relations, Arlington, VA, 23 June 2017). On the explicit commitment by the Brazilian military to leave a nuclear-explosion option open, see “Minutes of the Fortieth Session of the Brazilian National Security Council,” 4 October 1967, in Archive of the Brazilian Foreign Ministry in Brasília, available in English at http://digitalarchive.wilsoncenter.org/document/116914. On the absence of a regional security dilemma at that juncture, see Rodrigo Mallea, Matias Spektor, and Nicholas Wheeler, eds., The Origins of Nuclear Cooperation: A Critical Oral History between Argentina and Brazil (Rio de Janeiro: FGV, 2015).
- On choosing the United States over other countries—such as the United Kingdom, West Germany, and Sweden—see Patti, O programa nuclear brasileiro, p. 216; and Guilherme Camargo, O fogo dos deuses: Uma história da energia nuclear: Pandora 600 a.C.–1970 (Rio de Janeiro: Contraponto, 2006), p. 272. On Brazil's nuclear choices in the 1950s and on the cooperation with West Germany, see Patti, “The Origins of the Brazilian Nuclear Programme, 1950–1951”; and Burr, “The ‘Labors of Atlas, Sisyphus, or Hercules’?,” pp. 431–457.
- Ueki to Geisel, Despacho, 23 April 1974, in EG, pr 1974.03.26/2. The nuclear industrial plan was drafted in early 1974. Maurício Grinberg, interview, Rio de Janeiro, 7 February 2012.
- “Fuel Contract entre a Westinghouse e a FURNAS para ANGRA 1,” Confidential, n.d., in PNB, pn a 1955.08.03 (48-748).
- Ueki to Geisel, Despacho, 14 May 1974, in EG, pr 1974.03.26/2.
- For a summary of other types of foreign assistance, see “II Plano Nacional de Desenvolvimento: Programa nuclear,” 1974, in CBTN, personal archive. (The authors thank the late Maurício Grinberg, former supervisor of CBTN, for sharing this document.) Brazilian nuclear scientists also collaborated with the Italian Comitato Nazionale per l'Energia Nucleare until 1987. See Carlo Patti, “An Unusual Partnership: Brazilian-Italian Forms of Cooperation in the Nuclear Field (1951–1986),” in Elisabetta Bini and Igor Londero, eds., Nuclear Italy: An International History of Italian Nuclear Policies During the Cold War (Trieste: Edizioni Università di Trieste, 2017).
- On the Strauss and Haunschild proposal, see Camargo, O fogo dos deuses, pp. 274–275; Paulo Nogueira Batista, “O acordo nuclear Brasil-Alemanha,” in José Guilhom de Albuqurque, ed., Sessenta anos de política externa, Vol. 2 (São Paulo: Lumen-Juris, 2013), p. 496; “Cooperação Brasil-RFA: Aeronáutica, Astronáutica e energia nuclear: Entendimentos com a casa Dornier,” Paulo Nogueira Batista (Subsecretary for Political Affairs) to the Secretary-General of Itamaraty, AP/28, Top Secret, 19 June 1968, in PNB, pn a 1968.06.15; and Nogueira Batista to Magalhães Pinto, Viagem do Ministro Paulo Nogueira Batista à RFA, em setembro de 1968, “Relatório ao Senhor Ministro de Estado,” Secret, 11 October 1968, in PNB, aq 1967.02.23. The Brazilian National Nuclear Energy Commission explicitly mentioned an interest in cooperating in the field of uranium enrichment in November 1968. See Federal Republic of Germany (FRG) Embassy, cable from Rio de Janeiro to Bonn, Deutsch-Brasilianische Wissenschaftlich-Technische Zusammenarbeit, 28 November 1968, in Politisches Archiv des Auswärtigen Amtes (PA/AA), 1346.
- Maurício Grinberg, interview, Rio de Janeiro, 25 January 2012. Grinberg, who took part in negotiations with West Germany in 1975, was director of the CBTN/Nuclebrás from 1975 onward. - Ibid.
- On Kissinger's declaration at the Washington Energy Conference, see Parker M. Bartlett (Vice President, Market Development—Garrett Corporation) to Carlos Syllus Martins Pinto (Superintendent and Director of the Technology Development Division of the CBTN/Nuclebrás), Garrett internal document, 24 June 1975, in PNB, pn c 1969.12.01 (2). See also “Excerpts from the Opening Address by Secretary Kissinger at the Oil Meeting in Washington,” The New York Times, 12 February 1974, p. 20.
- Elio Gaspari, A ditadura encurralada (São Paulo: Companhia das Letras, 2004), pp. 130–131.
- Ibid.
- Attitudes toward the jet nozzle changed a few years later, when South African scientists successfully managed to adapt the technology to the production of weapons grade uranium. See J. D. L. Moore, South Africa and Nuclear Proliferation (London: Palgrave Macmilllan, 1987), p. 87. For a summary of the Brazilian–South African nuclear connection, see Carlo Patti, “Brazil–South Africa Nuclear Relations,” electronic dossier, July 2013, http://ri.fgv.br/en/node/2039. Also see Carlo Patti, “The Forbidden Cooperation: South Africa–Brazil Nuclear Relations at the Turn of the 1970s,” Revista Brasileira de Política Internacional, 61(2), e006. Epub 3 December 2018; and Waldo Stumpf and Carlo Patti, interview, Pretoria, 6 December 2012.
- At this stage, the Brazilian nuclear architecture began to change. CBTN, a subsidiary of the Brazilian National Nuclear Energy Commission, was transformed into Nuclebrás(Empresas Nucleares Brasileiras, or Brazilian Nuclear Enterprises). The new company, which was modeled after the state-owned oil company Petrobras, acted as the core institutional anchor for Brazil's nuclear industry and was autonomous from the national nuclear energy commission. Its first chairman was Ambassador Paulo Nogueira Batista (1975–1982), who was the chief architect of the Brazil–West Germany nuclear deal.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1974BRASIL06115, 14 August 1974, in DOS/CFP. On the issue of secrecy behind the Brazil–West Germany conversations, see Exposição de Motivos No. 055/74, 13 August 1974, in Conselho de Segurança Nacional, Secreto, in AAS, 1974.08.15 mre/pn (1/661). On U.S.–West German conversations, see AmEmbassy Bonn to SecState, Confidential, 12 September 1974, in DOS/CFP. See also Brenner, Nuclear Power and Non-Proliferation, p. 72.
- For U.S. officials’ expectations, see AmEmbassy Rio to SecState, Cable 1974BRASIL05295, 28 August 1974, in DOS/CFP; and SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1974STATE219652, 4 October 1974, in DOS/CFP. For U.S. officials ongoing concerns, see Carvalho, in a meeting with USAEC general manager Erlewine, in Rio de Janeiro on 27 August 1974; and SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1974STATE200011, 11 September 1974, in DOS/CFP.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1974BRASIL08604, Confidential, 14 November 1974, in DOS/CFP.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL01138, Confidential, 14 February 1975, in DOS/CFP. - AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1974BRASIL06115, 14 August 1974, in DOS/CFP. See also Ueki to Geisel, 29 August 1974, in EG, pr 1974.03.26/2. In late April, Ambassador Crimmins tried to prevent U.S.
-Brazilian relations from declining further by telling Brazilian officials that a final decision on the provision of nuclear fuel had yet to be made in Washington. Ueki to Geisel, Despacho, 7 May 1975, in EG, pr 1974.03.26/2.
- In January 1975, Westinghouse offered a similar package to Brazil. On the Westinghouse and Bechtel offers, see Patti, “Brazil in Global Nuclear Order,” 2012, p. 124; and Norman Gall, “Atoms for Brazil, Dangers for All,” Foreign Policy, No. 23 (Summer 1976), pp. 191–192.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1974BRASIL08161, Confidential, 26 October 1974, in DOS/CFP; and Ueki to Geisel, 18 October 1974, in EG, pr 1974.03.26/2. Intelligence - “Prospects for Further Proliferation of Nuclear Weapons,” Top Secret, Special National Estimate, 24 August 1974, https://nsarchive2.gwu.edu//NSAEBB/NSAEBB240/snie.pdf. in NSArchive,
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1974BRASIL08979, Confidential, 29 November 1974, in DOS/CFP; and “Relatório da Reunião entre Representantes da Assessoria de Planejamento do Departamento de Estado Americano e os Assessores do Ministro de Estado das Relações Exteriores,” Confidential, n.d., in AAS, mre be 1974.04.16.
- FRG Embassy in Brasília to Itamaraty, Confidential, 16 December 1974, in PNB, 1975.01.09.
- SecState to AmEmbassy Bonn, Cable 1975STATE001068, Confidential, 3 January 1975, in DOS/CFP; AmEmbassy Bonn to SecState, Cable 1975BONN00309, Confidential, 8 January 1975, in DOS/CFP; AmEmbassy Bonn to SecState, Cable 1975BONN00332, Confidential, 8 January 1975, in DOS/CFP. During a meeting with a U.S. counterpart, a West German officer stated that negotiations with Brazil were slated to resume in late January or early February 1975. SecState to AmEmbassy Bonn, Cable 1975BONN00524, Confidential, 13 January 1975, in DOS/CFP; and SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1975STATE021069, Confidential, 29 January 1975, in DOS/CFP. The latter cable was effectively sent on 10 February 1975. On the origins of the Nuclear Suppliers Group, see William Burr, “A Scheme of ‘Control’: The United States and the Origins of the Nuclear Suppliers’ Group, 1974–1976,” International History Review, Vol. 36, No. 2 (2014), pp. 252–276. As noted by Bertrand Goldschmidt, a similar group of countries—the so-called Cashmere Group—gathered informally in the 1960s to discuss common rules on sensitive nuclear material and technologies. Bertrand Goldschmidt, Le Complexe atomique: Histoire politique de l’énergie nucléaire (Paris: Fayard, 1980), p. 308.
- SecState to AmEmbassy Bonn, Cable 1975STATE048844, Secret, 5 March 1975, in DOS/CFP. - For a comprehensive study of U.S. pressure on West German nuclear policies more generally, see Gene Gerzhoy, “Alliance Coercion and Nuclear Restraint: How the United States Thwarted West Germany's Nuclear Ambitions,” International Security, Vol. 39, No. 4 (Spring 2015), pp. 91–129.
- Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties”; and Fabian Hilfrich, “Roots of Animosity: Bonn's Reaction to U.S. Pressures in Nuclear Proliferation,” International History Review, Vol. 36, No. 2 (2014), pp. 277–301.
- Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties,” p. 453.
- Batista to FRG Embassy in Brasília, Confidential, 9 January 1975, cited in “Draft Agenda for Discussion on Government Level—Preparation of an Agreement on Collaboration between the Federal Republic of Germany and Brazil on the Peaceful Uses of Nuclear Energy,” Secret, n.d., in PNB, 1975.01.09. For the Brazilian version of the draft treaty, see “Anteprojeto de um acordo entre o governo da República Federal de Alemanha e o governo da República Federativa do Brasil sobre cooperação no setor dos usos pacíficos da energia nuclear,” Secret, n.d., in PNB, 1975.01.09. See also Brasília to Bonn, Secreto Exclusivo, in 6 February 1975, PNB, 1975.01.09; and AmEmbassy Bonn to SecState, Cable 1975BONN02897, Confidential, 20 February 1975, in DOS/CFP.
- AmEmbassy Bonn to SecState, Cable 1975BONN02897.
- Ibid. For a discussion of PNEs, see Glenn T. Seaborg, Stemming the Tide: Arms Control in the Johnson Years (Lexington, KY: Lexington Books, 1987), pp. 258–259; and Patti, “Brazil in Global Nuclear Order,” p. 72.
- Gaspari, A ditadura encurralada, p. 131. - Bonn to Brasília, Secreto Exclusivo Muito Urgente, 12 February 1975, in PNB, 1975.01.09. For a full, detailed account of Nogueira Batista's mission to West Germany, see “Relatório da Missão à Alemanha (RFA) (1 a 15 de Fevereiro 1975),” Secreto, Nuclebrás, in PNB, 1975.01.09. See also Ueki and Silveira to Geisel, Secreto Exclusivo, Informação para o Senhor Presidente da República, 19 February 1975, in PNB, 1975.01.09.
- Peter Hermes discussed the West German–Brazilian nuclear agreement with U.S Ambassador Martin J. Hillenbrand in Bonn on 20 February 1975. AmEmbassy Bonn to SecState, Cable 1975BONN02897.
- SecState to AmEmbassy Bonn, Cable 1975STATE066020, Secret, 24 March 1975, in DOS/CFP. - On Geisel's position see Ueki to Geisel, Despacho, 17 March 1975, in EG, pr 1974.03.26/2; and AmEmbassy to SecState, Cable 1975BRASIL02224, Secret, 25 March 1975, in DOS/CFP.
- From 28 March to 1 April 1975, there was an intense exchange of telegrams between Washington and Bonn. On 28 March, high-ranking officials of various U.S. agencies met with West German representatives. On the possible trilateral “safeguarding technology agreement,” see U.S. Mission IAEA Vienna to SecState, Cable 1975IAEAV02748, Confidential, 2 April 1975, in DOS/CFP.
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- SecState to AmEmbassy Bonn, Cable 1975STATE133585, Secret, 7 June 1975, in DOS/CFP.
- Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties,” pp. 460–461. - AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL03786, 14 May 1975, in DOS/CFP.
- “Brazil-U.S.: Nuclear Plans Pose Problems,” Secret, CIA Weekly Report, 20 June 1975, in Declassified Documents Reference System (DDRS).
- On the safeguards to be applied to the Brazil–West Germany deal, see Brazilian Minister of Mines and Energy to FRG Embassy in Brasília, Secret, 4 June 1975, in AAS, mre pn 1974.08.15; and AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL04803, Confidential, 16 June 1975, in DOS/CFP. On the Argentine reaction, see AmEmbassy Buenos Aires to SecState, Cable 1975BUENOS03762, Confidential, 3 June 1975, in DOS/CFP. See also AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL04372, Confidential, 3 June 1975, in DOS/CFP. For Kissinger's instructions to the U.S. embassy in Bonn, see SecState to AmEmbassy Bonn, Cable 1975STATE128064, 3 June 1975, in DOS/CFP. The safeguards agreement was based on IAEA Information Circular (INFCIRC) 66/Rev 2, 16 September 1968, https://www.iaea.org/sites/default/files/publications/documents/infcircs/1965/infcirc66r 2.pdf.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL04414, 4 June 1975, in DOS/CFP.
- Ibid.
- Brenner, Nuclear Power and Non-Proliferation, p. 89.
- SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1975STATE138496, 13 June 1975, in DOS/CFP. - “A Message for President Scheel,” The Washington Post, 16 June 1975, p. A22; and L. H. Diuguid, “Brazil Nuclear Deal Raises U.S. Concern,” The Washington Post, 1 June 1975, p. A1.
- “Nuclear Madness,” The New York Times, 13 June 1975, p. 36. - Proceedings, Secret, 13 June 1975, in NARA, RG 59, General Records of the Department of State, Office of the Secretary of State Henry Kissinger's Staff Meetings, 1973–1977, Box 7.
- SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1975STATE146237, Confidential, 20 June 1975, in DOS/CFP.
- On the conversation between Crimmins and Silveira, see Spektor, Kissinger e o Brazil, p. 112.
- Conversation Ford-Kissinger, Secret/Nodis, 13 June 1975, in Gerald R. Ford Presidential Library (GRFPL), NSA, Memcoms, Box 12.
- On the U.S.
-West German meetings, see Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties,” p. 458. For the text of Kissinger's letter, see SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1975STATE146237.
- On Mondale's declaration, see Jaime Dantas, “URSS vê perigo no acordo Brasil RFA,” Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), 20 June 1975, p. 6. On the distance between the State Department and Mondale's words, see AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL05062, 21 June 1975, in DOS/CFP.
- Nogueira Batista to Geisel, Secreto, 20 August 1975, in PNB, pn a 1975.01.09.
- AmEmbassy Bonn to SecState, Cable 1975BONN10770, 2 July 1975, in DOS/CFP.
- Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties,” p. 450.
- On the position of Soviet delegate Igor Morokhov during a meeting with U.S. representatives, see SecState to AmEmbassy Tripoli, Cable 1975STATE157800, Secret, 3 July 1975, in DOS/CFP.
- Meeting between Kissinger and Gromyko, Memorandum, Secret, 11 July 1975, National Security Council, Digital National Security Archive (DNSA).
- Ibid.
- Patti, O programa nuclear brasileiro, pp. 239–240; and Gaspari, A ditadura encurralada, p. 134. - Ueki to Geisel, Despacho, 3 July 1975, in EG, pr 1974.03.26/2.
- Brazilian National Security Council (CSN) to Geisel, Secreto, 15 October 1975, in AAS, mre pn 1974.08.15.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL05792.
- For a U.S. assessment of Brazil's reluctance to contract Soviet enrichment services, see AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL05792, Confidential, 14 July 1975, in DOS/CFP. On Brazilian authorities banning negotiations over purchases of enriched uranium from Moscow, see Patti, O programa nuclear brasileiro, p. 57.
- For Kissinger's speech, see U.S. Mission New York to SecState, Cable 1975USUNN04426, 23 September 1975, in DOS/CFP.
- U.S. Mission Vienna to SecState, Cable 1975IAEAV08465, 3 October 1975, in DOS/CFP. The possibility to create multinational regional enrichment facilities was discussed for several years, but the idea was abandoned in the early 1980s when the global nuclear market was in crisis.
- SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1975STATE277689, Confidential, 24 November 1975, in DOS/CFP.
- CSN to Geisel, Secreto, 6 December 1975, in AAS, mre pn 1974.08.15.
- Brazil wanted the London Club to expand from a small group of nuclear suppliers to include large providers of nuclear minerals such as uranium and thorium. The Carter administration in 1977 discussed enlargement plans that included both Brazil and South Africa, but to no avail. On the 1975 proposal, see AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1975BRASIL10250, Confidential, 26 November 1975, in DOS/CFP. On 1977, see Patti, O programa nuclear brasileiro, p. 171.
- “Opening Statement at Brazil/FRG/IAEA Negotiation,” 12 January 1976, in PNB 1975.01.09.
- Brazilian Embassy (BrazEmbassy) Vienna to Brasília, Secreto Urgente, 13 January 1976, in PNB, 1975.01.09; and BrazEmbassy Vienna to Brasília, Secreto Urgente, 17 January 1976, in PNB, 1975.01.09.
- BrazEmbassy Vienna to Brasília, Secreto Urgentíssimo, 16 February 1976, in PNB, pn a 1975.01.09; and FRG Embassy in Brasília to the Brazilian Ministry of Foreign Affairs, Aide-Mémoire, 17 February 1976, in PA/AA, Bd. 13209.
- U.S. Mission Vienna to SecState, Cable 1976IAEAV01168, Confidential, 13 February 1976, in DOS/CFP.
- For the statements of U.S. representatives, see BrazEmbassy Vienna to Brasília, Secret/Urgent, 6 February 1976, in PNB, 1975.01.09.
- Spektor, Kissinger e o Brasil, pp. 138–139; and Scowcroft to Ford, Secret, 14 February 1976, GRFPL, White House, National Security Adviser, Presidential Country Files for Latin America, Box 2.
- Spektor, Kissinger e o Brasil, pp. 135–156.
- SecState to U.S. Mission IAEA Vienna, Cable 1976STATE038742, Confidential, 18 February 1976, in DOS/CFP.
- SecState to U.S. Mission IAEA Vienna, Cable 1976STATE039078, Secret, 18 February 1976, in DOS/CFP.
- “Resumo das conversações com o Secretário de Estado Henry Kissinger,” Secret, Informação ao Senhor Presidente da República No. 79, 27 February 1976, in AAS, mre d 1974.03.26. Ingersoll also informed the West Germans about Kissinger's instructions. Washington to Bonn, “Trilaterales Kontrolluebereinkommen IAEO-BRD Brasilien,” 20 February 1976, in PA/AA, Bd. 13209.
- AmEmbassy Paris to SecState, Cable 1976PARIS06923, Secret, 8 March 1976, in DOS/CFP.
- Brazilian Mission Vienna to Brasília, Urgentíssimo, 25 February 1976, in PNB, pn a 1975.01.09; and U.S. Mission IAEA Vienna to SecState, Cable 1976IAEAV01878, Confidential, 10 March 1976, in DOS/CFP.
- J. Samuel Walker, “Nuclear Power and Nonproliferation: The Controversy over Nuclear Exports, 1974–1980,” Diplomatic History, Vol. 25, No. 2 (Spring 2001), p. 222. 97. Abraham Ribicoff, “Trading in Doom,” The New York Times, 26 March 1976, p. 30.
- Michael A. Bauser, “United States Nuclear Export Policy: Developing the Peaceful Atom as a Commodity in International Trade,” Harvard International Law Journal, Vol. 18, No. 2 (Spring 1977), pp. 244–248.
- Robert Scheer and Jimmy Carter, “The Playboy Interview,” Playboy, November 1976.
- Carter, Why Not the Best? The First Fifty Years (Fayetteville: University of Arkansas Press, 1996). “Roteiro dos pronunciamentos políticos de autoridades governamentais norte-americanas sobre assuntos nucleares, especialmente o acordo Brasil-RFA,” 18 February 1977, in AAS, mre pn 1974.08.15.
- Brenner, Nuclear Power and Non-Proliferation, pp. 117–118.
- Comparison of “Carter Promises” and “President's Performance,” n.d., in GRFPL, Ford Papers, Domestic Council—Glenn R. Schleede Files, Box 27 (Nuclear Policy, 1976: Background Material)GRFPL, quoted in Walker, “Nuclear Power and Nonproliferation,” p. 235.
- The USAEC split in 1975 into the Nuclear Regulatory Commission and ERDA. The latter was subsequently merged with the Federal Energy Administration to form the Department of Energy. See Brenner, Nuclear Power and Non-Proliferation, pp. 101 108.
- Ibid.
- Charles Mohr, “Carter Vows a Curb on Nuclear Exports to Bar Arms Spread,” The New York Times, 26 September 1976, p. 1.
- For Silveira's warning, see Silveira to Geisel, Paris, Secret/Urgent, 7 October 1976, in AAS, mre be 1974.03.26.
- “Top Secret Memorandum of Conversation between Kissinger, Genscher, Von Staden, Hartman, Wolff, Rodman and Sonnenfeld. Subject: American Elections, Place: Waldorf Tower, Secretary's Suite 35 A, New York City,” 7 October 1976, in DNSA.
- “Nuclear Policy Statement by President Gerald R. Ford,” 28 October 1976, quoted in Brenner, Nuclear Power and Non-Proliferation, p. 270.
- Ibid., p. 277.
- Ibid.
- Ueki to Geisel, Despacho, 4 November 1976, in EG, pr 1974.03.26/2.
- Ibid.
- Lord to Kissinger, “Your Meeting with Senator Ribicoff,” Confidential, 4 November 1976, in NARA, RG 59, CWR Memos to the Secretary, October 1976–January 1977, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- Vest to Kissinger through Robinson, “French and German Positions on Non proliferation Issues at London Nuclear Suppliers Meeting,” Secret Memorandum, 15 November 1976, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 3, Entry 5176.
- The nuclear group, which actively supported implementation of the Fri Review, consisted of George Vest (political-military affairs), Lou Nosenzo and Gerald Oplinger, Jerome Kahan and Jan Kalicki (policy planning), and Myron Kratzer (oceans, environment, and science).
- Lord to Kissinger, “Non-Proliferation Paper for Meeting with President-Elect,” Secret, 19 November 1976, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- Robinson to Kissinger, “Your Meeting with Secretary Designate Vance: Pakistan/Brazil, Memorandum,” 20 December 1976, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- Gray, “Commercial Liberties and Nuclear Anxieties,” p. 462.
- Robinson to Kissinger, “FRG/Brazil Reprocessing Plant,” Confidential Memorandum, 17 November 1976, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- For Brazilian attitudes toward the Ford-Carter presidential transition, see Spektor, Kissinger e o Brasil, pp. 153–159.
- The visit was probably decided on 2 December 1976 when Robinson, Lord, Rubin, and Lincoln Gordon met. On the same day, Robinson met Gerard Smith, who was soon to become Carter's ambassador-at-large for nonproliferation. See Robinson to Kissinger, Daily Activities Report, Memorandum, Confidential, 2 December 1976, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176. Ambassador Crimmins informed Robinson of the meeting. See SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1976BRASIL10511, Secret, 23 December 1976, in DOS/CFP; and AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1976STATE309641, Secret, 23 December 1976, in DOS/CFP.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1976BRASIL10592, Secret, 29 December 1976, in DOS/CFP.
- Charles W. Robinson and Carlo Patti, telephone interview, 1 July 2010. We could not locate any documents to confirm the visit. On the meeting between Robinson and Geisel, see also a personal communication from June 2010, which can be found in A. David Rossin's forthcoming book on U.S. nuclear policy under Presidents Ford and Carter.
- For Geisel's own take on these issues, see Maria Celina d'Araújo and Celso Castro, eds., Ernesto Geisel (Rio de Janeiro: FGV, 1997). On possible financial loans, see Robinson to Kissinger, Daily Activities Report, 7 Confidential Memorandum, September 1976, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- Robinson to Kissinger, “Pakistan/Brazil Points for Your Meeting with Cy Vance,” Top Secret/Nodis, Memorandum, 7 January 1977, NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176; and “Non-proliferation—Next Steps on Pakistan and Brazil,” Memorandum of Conversation, Top Secret, 7 January 1977, in DNSA.
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- Robinson to Kissinger, “Next Steps on Pakistan and Brazil,” Top Secret, 11 January 1977, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- Robinson to Kissinger, “Non-proliferation Letter to de Guiringaud,” Top Secret, 11 January 1977, in NARA, RG 59, Lot 77D117, Box 5, Entry 5176.
- Robinson to Kissinger, “Next Steps on Pakistan and Brazil.”
- SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1977STATE012266, Secret Eyes Only, 19 January 1977, in DOS/CFP; and AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1977BRASIL00689, Secret Eyes Only, 25 January 1977, in DOS/CFP.
- AmEmbassy Brasília to SecState, “Nye Interview on Brazil-FRG Nuclear Cooperation,” Confidential, 25 January 1977, in Remote Archive Capture (RAC)/Jimmy Carter Library (JCL), NLC-133-121-2-54-8. Brazilians had been talking to the incoming administration about the need to differentiate Brazil from Pakistan, noting that Brazil in its agreement with the FRG had renounced all intention to produce a nuclear device. See BrazEmbassy Washington to Brasília, “Política: EUA: Não-Proliferação Nuclear,” Top Secret, n. 274, 27 January 1977, in AAS, mre pn 1975.09.25.
- AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1977BRASIL00696, Secret, 25 January 1977, in DOS/CFP. - Craig R. Whitney, “Schmidt May Modify Rio Atom Pact,” The New York Times, 27 January 1977, p. 4. See also BrazEmbassy Washington to Brasília, “Política: EUA: Não-proliferação nuclear.”
- AmEmbassy Brasília to SecState, “Brazilian Nuclear Debate: Foreign Minister Defends Brazil's Right to Its Destiny,” Confidential, 26 January 1977, in RAC/JCL, NLC-133-121-2-54-8; Vance to Silveira, Secreto Exclusivo, 27 January 1977, in AAS, mre be 1977.01.27; and SecState to AmEmbassy Brasília, “Message from the Secretary to Foreign Minister Silveira,” Confidential, 27 January 1977, in RAC/JCL, NLC-133-120-7-46-3.
- AmEmbassy Brasília to SecState, “U.S.
-Brazil Nuclear Relationship,” Secret, 2 February 1977, in RAC/JCL, NLC-133-121-2-54-8. - Silveira to Geisel, “Cooperação nuclear Brasil-RFA: Visita do embaixador alemão,” Informação ao Senhor Presidente da República, Secreto Exclusivo, 15 February 1977, in AAS, mre pn 1974.08.15.
- SecState to AmEmbassy Brasília, Cable 1977STATE035757, Secret, 20 February 1977, in DOS/CFP.
- “Analise tática da consulta com os norte-americanos,” Secreto, 25 February 1977, in AAS, mre 1974.08.15.
- On the meeting in Brasília, see Silveira to Geisel, “Programa nuclear Brasileiro: Entendimentos com os EUA e com a Holanda,” Secreto Exclusivo, Informação ao Senhor Presidente da República, n. 48, 2 March 1977, in AAS, mre pn 1975.04.25. See also AmEmbassy Brasília to SecState, Cable 1977BRASIL01616, Secret, 3 March 1977, in DOS/CFP.
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