O retorno às tradições com o antiglobalismo
- Thales Rufini
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Por Thales Rufini[1]
Estamos assistindo a um crescimento inusitado no conservadorismo e no tradicionalismo em diversos locais do mundo, em contramão ao que era esperado por muitos, especialmente às lideranças ocidentais, patrocinadoras do globalismo. Apesar de inesperado devido aos desenvolvimentos anteriores de vários anos, a verdade é que isso deveria ser o esperado, afinal, é assim que funciona o comportamento humano geralmente - rechaçamos o que é tentado ser imposto forçosamente sobre nós, e frequentemente acabamos fazendo o oposto, e isso é ainda mais verdadeiro quando jovens.
Este é o grande fator complicador para o avanço do globalismo, que se aproveitou do conceito da globalização para confundir as pessoas e se inserir como se ambos os conceitos fossem o mesmo, o que não procede. Enquanto a globalização se dá pela gradativa interdependência econômica dos países, devido aos avanços nos transportes e nas comunicações principalmente, sendo resumidamente a ideia da conexão ativa dos países e suas populações. Por sua parte, o globalismo é, na prática, um modelo de imposição de uma governança global e de uma cultura universal para toda a humanidade, sendo obviamente baseado nos interesses e alguns costumes promovidos (em grande parte mais progressistas) pelas elites europeias e estadunidenses, vindo daí o principal problema, pois, como é de conhecimento geral, cada povo tem seus próprios costumes e crenças, em muitas ocasiões, contrários a outros.
Seguindo este entendimento, podemos observar que a cultura popular é parte fundamental da essência da identificação das pessoas com seu país e questão de orgulho nacional. É construção histórica de cada povo, tendo várias nuances envolvidas em sua formação. A mera ideia de impor uma outra cultura a um povo completamente diferente é problemática por si só. E, como temos visto, não está funcionando tão bem. Podemos identificar situações em que o repúdio a essa cultura ocidental fabricada se tornou evidente publicamente, como em vários locais do Oriente Médio e no continente africano há mais tempo, e gradativamente veio também se apresentando na Ásia, mas o surpreendente é que até mesmo na Europa este movimento está crescendo, como apontado por pesquisas científicas.
Por um lado, isso tem a ver com o extremismo que as agendas integrantes ao globalismo atingiram, como com a famigerada “Doutrina Woke”, mas, por outro lado, é perceptível que os desenvolvimentos geopolíticos também estão impactando a percepção dos povos para com os outros países e, com isso, podemos ver que, em muitos países, suas tradições e o nacionalismo estão em crescimento novamente, em detrimento de movimentos internacionalistas como a UE[2], por exemplo.
Apesar de algumas pessoas verem isso como uma ameaça ao desenvolvimento da Multipolaridade, isto não é bem preciso, pois este é um modelo de rearranjo do Sistema Internacional, baseado na convergência de países fortes, o que o nacionalismo de cada país busca possibilitar para si, sendo a globalização um fator que contribui, contrariamente ao globalismo, que busca o enfraquecimento dos estados soberanos, de modo a possibilitar uma governança global dominada pelas “elites ocidentais”.
Notas de rodapé:
Empresário, analista internacional; bacharel em Relações Internacionais; especialista em planejamento estratégico; MBA em Política, Estratégia, Defesa e Segurança Pública, com diversos cursos nas áreas de gestão e relações internacionais, unindo experiência prática em finanças, geopolítica e estratégia às habilidades de negociação e gestão adquiridas em projetos acadêmicos e profissionais. Proprietário do canal no YouTube® Visão Estratégica.
União Europeia.
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