Reunião Ministros das Relações Exteriores do BRICS: O Que Você Perdeu?
- Pedro Lacerda
- 12 de mai.
- 4 min de leitura
Pedro H. L. S. Soares¹
O que é BRICS, BRICS+ e Parceiros BRICS?
BRICS – É uma sigla que junta os países: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que entrou no acrônimo em 2011. O grupo performa como um fórum de discussões na qual buscam integração econômica, política e cultural e também de aglutinar forças para se tornarem independentes do dólar.
BRICS+ – É a expansão recente do grupo, adicionando mais países como membros plenos, dentre eles: Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã, Indonésia e Arábia Saudita. Esses países participaram de todos os eventos do BRICS.
Parceiros BRICS – Uma nova modalidade de aproximação, são países que podem futuramente integrar o grupo BRICS+, porém não participam de todas as reuniões do grupo. Os países que entraram nessa nova modalidade são: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Nigéria.
Impacto econômico e global
Somando os BRICS+ e países-parceiros o BRICS soma um PIB(Produto Interno Bruto) de 31,1 trilhão de dólares que representa aproximadamente 29.25% do PIB nominal mundial. Nos anos 2000 o PIB mundial era de 33 trilhões de dólares, a base de dados foi fornecida pelo Banco Mundial e estão todos no ano de 2023, e somam mais de 4,3 bilhões de pessoas, ou seja mais que 50% da população mundial.
O que você perdeu?
Ocorreu nos dias 28 e 29 de abril a cúpula dos Ministro das Relações Exteriores dos BRICS+ e países-membros que participaram na modalidade de convidado, ou seja, compareceram 20 países que representam cerca de 30% do PIB mundial (2023) e mais de 50% da população global, só com esses dois dados percebe-se a importância do evento.
Os chanceleres defenderam que o bloco não siga ideologias, mas que seja multipolar. Os consensos foram: Endosso à reforma da governança global; mecanismos financeiros internacionais; rechaço a guerras; defesa do compartilhamento do conhecimento nas áreas de Tecnologia e Saúde.
No primeiro encontro os países se puseram contra o protecionismo perpetrado Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América. Há embates de consenso sobre alguns temas, mas é algo muito novo para dizer que “fracassou” como disse a mídia da CNN.
Os países-membros dos BRICS+ e convidados afirmaram que devem estreitar parcerias no âmbito cultural. Podemos ver isso nas recentes postagens do perfil da embaixada chinesa no Brasil sobre a disponibilização do filme “Ainda estou aqui” dirigido por Walter Sales na China, ou seja, promovendo a cultura brasileira.
Ficaram totalmente contra sanções unilaterais, ou seja, as que são tomadas sem o consenso do conselho de segurança da ONU. Rússia, Irã e Cuba são vítimas dessa barbaridade perpetrada pelos Estados Unidos e outros países para penalizar a população desses países, gerando miséria e fome. Eles apelam para eliminação de qualquer tipo de barreiras punitivas unilaterais.
Os ministros manifestaram preocupações com as ações violentas realizadas pelo estado genocida de Israel contra o povo palestino. Muitas pessoas já morreram em ambos os lados, inclusive o primeiro-ministro de Israel foi condenado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional e está com mandato de prisão em aberto. Assim, eles convocam a comunidade internacional para garantir a soberania e independência da Palestina, bem como, a reconstrução do país devastado pela guerra.
Os chanceleres condenaram os ataques terroristas ocorridos na região da Caxemira nas fronteiras entre Índia e Paquistão, porém na declaração deixa claro a separação de terrorismo e religião. Desta forma, os países devem condenar o terrorismo independente da região, etnia ou nacionalidade, devem ser levados à justiça, ou seja, sem preconceitos. Os ministros concordaram em combater os fluxos financeiros ilícitos e combater a corrupção. Reafirmaram a intenção de ampliar as trocas comerciais entre os países utilizando moedas nacionais, buscando evitar o dólar. E também, com cooperações na área de Tecnologia (como o uso de IA²) e na agricultura para promover a segurança alimentar.
Não é só os BRICS que a cooperação aumenta, então veja:
Não devemos nos prender a apenas na cooperação pelo BRICS+, a cooperação entre os países ocorrem de forma heterogênea, o presidente Lula viaja essa semana do mês de maio para acompanhar a celebração da vitória do exército vermelho sobre os nazistas e depois parte à China. Em ambas as ocasiões ocorrerá encontros bilaterais entre os países. Há expectativas de fechar acordos para intensificar as relações.
De acordo com a Agência Brasil, na nova visita do presidente do gigante sul americano à China deve render 16 acordos. De acordo com a matéria, o foco do encontro será sobre atrair investimentos a projetos de infraestrutura e indústria no país. Segundo o portal Poder360, no final de Abril o ministro da Casa Civil, Rui Costa e a presidente da Petrobrás, Magda Chambriad se encontraram com empresários chineses, com a intenção é que os chineses construam navios no Brasil. Ferrovias: o nosso ministro da Casa Civil se encontrou com representante da China Railway, empresa estatal da China para ferrovia. Há expectativas que essas conversas foram para preparar o terreno quando Lula chegar na China.
E tem mais. Lula não ficará sozinho na China, pois ocorrerá também a cúpula da CELAC(Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com a China. Com esse alinhamento quase cósmico, Brasil e outros representantes da América Latina se encontrarão com a maior potência industrial do planeta, que é a China. Um dos tópicos da reunião do Brasil-Chile que ocorreram em abril foi justamente a integração logística e o acesso aos portos chilenos para diminuir gastos e tempo com produtos brasileiros e chineses no continente.
Já Rússia e Eslováquia, também há expectativas de acordos na área da Tecnologia com a Rússia, e também o Brasil espera que a Rússia compre mais do Brasil para equilibrar a balança comercial com o país euro-asiático, uma vez que o país está com um enorme superavit sobre o Brasil, devido aos seus produtos derivados de petróleo e fertilizantes. E há expectativas de reunião do Lula com Robert Fico, primeiro ministroda Eslováquia.
Notas de Rodapé:
1 - Bacharel em Geografia, articulista do Brasil Grande e Diretor do El Nacionalista. Professor de escola pública estadual. Articulista nas áreas: política, geopolítica, meio ambiente e geografia.
2 - Da sigla inglesa AI – Artificial Intelligence – Inteligência Artificial
Referências
Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/agenda-internacional/brics/nove nacoes-sao-anunciadas-como-2018paises-parceiros2019-do brics#:~:text=Nos%20%C3%BAltimos%20dias%20da%20presid%C3%AAncia,Kaza n%2C%20em%20outubro%20de%202024.
Disponível em: https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD
Disponível em: https://x.com/EmbaixadaChina/status/1919859804463333424
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-05/brasil-e-china-devem-fechar-16-acordos-em-nova-visita-de-lula-pequim
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